O Estado Beligerante – O Modus Operandi do Bolsonarismo

Nos últimos dias presenciamos mais uma etapa da guerra interna que o governo Bolsonaro vive, ou melhor, mantém. E esse estado beligerante é o combustível e a razão de ser do bolsonarismo e de seus seguidores. A coluna do jornalista Lauro Jardim divulgou no fim de semana passado que o presidente Jair Bolsonaro fomentou e até agradeceu os ataques feitos ao seu vice, Hamilton Mourão.

Da Virgínia, nos Estados Unidos, Olavo de Carvalho fez duras críticas a ala militar do governo, e quase ao mesmo tempo, em outra direção, ocorria ataques contra Mourão. Chama a atenção a proximidade temporal dos fatos, ou melhor, dos ataques. Em ambos o presidente silenciou. O que demonstra no mínimo a sua convivência sobre o que ocorre. Se não bastasse, Carlos Bolsonaro elogiou a postura do astrólogo em relação aos militares, colocando mais “lenha na fogueira”.

Não esqueçamos que Olavo de Carvalho é o pensador, o intelectual do novo regime. Tornou-se a inspiração do principal grupo do governo, aquele que se intitula anti-establishment. E o referido grupo é chancelado pelo presidente, sendo liderado por Carlos Bolsonaro, e que dita as regras, deslocando aquele que se pensou que seria o maior poderoso: os militares. 

Esses relatos são apenas os mais recentes, o que estão por hora na pauta. Mas servem para reforçar a tese da necessidade de viver em guerra, de ter inimigos o tempo todo, manter em alerta a militância. Todos são suspeitos, promovem complô contra o presidente e sua prole. A lógica de operação tem como base a ala mais influente, a ideológica, que se sustenta através do confronto, da artilharia. Por isso, a intermitente narrativa de ter inimigos permanentes (em vários segmentos e sentidos), e que encontra no Bolsonarismo a sua propagação. Depende do ambiente de campanha permanente, de inimigos permanentes para manter acesa a “tropa”. E claramente, um dos inimigos permanentes dos apoiadores de Bolsonaro é a atividade política.

Outro exemplo: qual sentido teria Jair Bolsonaro para dormir com a sua arma ao lado da cama? Sendo ele presidente e tendo um dos esquemas de segurança mais rígidos do país? Por que fazer questão de propagar tal informação que é algo de sua segurança pessoal, portanto, deveria ser mantido em sigilo? 

Esse estado beligerante serve não só como combustível para a tropa, mas desvia a atenção para diversos problemas que o governo tem de enfrentar e, pelo visto, não tem noção de como resolvê-los. Dito isto, torna-se, portanto, necessário manter um inimigo invisível, criar atritos contra tudo e todos, pois tal postura alimenta o sentimento de conflito que o bolsonarismo propaga a quem o segue. E assim será.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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