Hoje, com um atraso surpreendente, que despertava os mais inquietantes questionamentos, o agora ex-secretário de Segurança Pública, Jeannot Jansen, deixou o cargo. O general da reserva do Exército assumiu a pasta em janeiro de 2015, concomitantemente ao início do terceiro mandato de Simão Jatene como governador do Pará.
Foram quatro anos e dois meses e meio. Em termos de segurança pública não há o que comemorar. A gestão de Jansen não deixará saudades e nem legado. As estatísticas no geral apontam números oficiais alarmantes, digno de estado de guerra civil. Só para nos ater a um dado: desde o primeiro dia de janeiro até a postagem deste texto, 430 pessoas perderam a vida por assassinato no Pará. Fontes ouvidas pelo blog afirmaram não entender a permanência do general com a situação tão caótica e sem a competência de gerenciamento de crises. Sob seu comando não haviam respostas ao crescente e alarmante quadro de insegurança.
Escrevi diversos textos sobre a questão. Cobrava respostas da Segup para o caos. Nas diversas crises (quase sempre deflagradas pelas sucessivas chacinas na capital e no interior), o governador, quanto o secretário de segurança sumiam. Estava claro a falta de comando. No último texto sobre o referido assunto, questionei quem segurava o general no cargo (citando o discurso do próprio de que não entendia de segurança pública)? Jansen não tinha “padrinhos” políticos. Foi elevado ao cargo máximo da segurança pública pelo próprio governador. A sua permanência como secretário já estava custando caro à imagem de Jatene, o que poderia comprometer a manutenção dos projetos políticos pessoal e partidário de Simão. Demorou, mas o general saiu.
Para o seu lugar retornou à cadeira o delegado Luiz Fernandes Rocha, que já ocupou em outras gestões tucanas, o posto máximo da segurança. Ele estava à frente da Secretária de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). O novo secretário já convocou reuniões com os prefeitos da Região Metropolitana, com a presença do governador.
Apesar de não ter feito uma boa gestão, o general Jeannot Jansen, não ficará de fora do governo. Assumirá a Secretaria Extraordinária de Assuntos Institucionais do Pará, com a incumbência de fazer a ponte com o governo federal no enfrentamento à violência. Uma forma cordial que Jatene encontrou para acomodar o general.
Portanto, o governador buscou resolver o maior gargalho de sua gestão com remanejamento interno, com “solução caseira”. Apesar dos números e o cenário da segurança pública quando Luiz Fernandes era o secretário não eram nada animadores. Porém, longe de ser caótico como vem sendo nos últimos anos. Pelo bem de todos, só nos resta desejar sorte ao novo secretário. A tal “sensação de insegurança” que antes era propagado pelos tucanos, já deixou de fazer sentido há muito tempo.