O maior inimigo político de Simão Jatene

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Recentemente sobre a sucessão estadual abordei a questão relacionada ao vice-governador Zequinha Marinho (PSC). No referido texto afirmei que o primeiro na linha sucessória estadual era quem daria a palavra final. Portanto, tudo dependeria de Zequinha. O governador Simão Jatene só decidiria algo com a decisão primeiramente de Marinho. Não é novidade que a relação entre ambos é a pior possível. Não há o mínimo nível de confiança.

Quem achava que o título deste artigo seria algo lógico, levando o leitor associar ao ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), se enganou. Conforme é sabido por todos, em Santarém, há uma semana, Jatene anunciou que o presidente da Assembleia Legislativa, Márcio Miranda (DEM), será o seu candidato ao governo. Essa medida – que muitos consideram como um falso balão de ensaio – é uma postura e resposta de Jatene ao seu vice, buscando tirar de Marinho o foco do processo político.

Segundo fontes consultadas pelo blog, Jatene sairá sim do governo. Não irá sacrificar o seu projeto político pessoal e nem a sucessão familiar, centrado na sua filha Izabela, que se tornou super-secretária de governo e quer uma das 17 cadeiras do Pará no parlamento federal. Se Jatene ficar até o fim, irá exterminar as duas possibilidades. Conforme abordei em outros textos, Simão não é agente político de partido, portanto, suas decisões são definidas primeiramente por questões ou interesses pessoais, para depois socializar com o colegiado.

Em Santarém, Simão afirmou (sem total certeza) que poderá ficar até o fim do governo. Isso não deverá ocorrer, justamente porque Jatene não pode ficar sem foro privilegiado. Há processos na Justiça que poderão ocasionar problemas mais sérios ao mandatário da política paraense, sem o seu “salvo conduto” garantido constitucionalmente.

Por outro lado, Zequinha, vem mostrando rápida proximidade com os Barbalho. Diversos eventos já foram realizados com a presença do vice-governador ao lado de Helder e o clã do PMDB paraense. Ontem (03), o jornal Diário do Pará, controlado pelos Barbalho, trouxe em seu principal caderno uma entrevista realizada pela jornalista Cléo Soares no gabinete do vice-governador. Foram nove perguntas com respostas diretas e sem rodeios de Marinho.  

Zequinha deixou claro que têm dois planos políticos: assumir o governo em abril e disputar à reeleição seria o “plano A”. O segundo caminho, neste caso o “B” (anunciado pelo próprio em encontro político de sua legenda) seria disputar o Senado Federal. Zequinha deixa claro que guarda muito ressentimento por Jatene, a quem atribuiu diretamente a responsabilidade de sua estrutura institucional na vice-governadoria viver há três anos “a pão e água”. A última pergunta foi a mais estratégia (e pela linha editorial do jornal parecia ter sido estrategicamente preparada) diz respeito ao apoio de Zequinha e seu PSC a um outro candidato. Marinho disse que isso pode ser possível, justificando com uma passagem bíblica que trata de compromisso. Parece cada vez mais claro que está sendo construída proximidade de Marinho com os Barbalho, com a possível ida de seu PSC ao grupo de oposição a Jatene.   

Portanto, Márcio Miranda é o favorito, já foi anunciado como o sucessor de Jatene. Os tucanos paraenses gostem ou não, na atual conjuntura política é o melhor nome. Simão ainda tem um “obstáculo” para remover chamado Manoel Pioneiro, prefeito de Ananindeua, que se sente traído por não ter sido escolhido, situação parecida com a crise vivida por Mário Couto, em 2014, na disputa pelo Senado, em que Jatene deixou de lado o apoio a um tucano para apoiar candidatura de sua base, neste caso, Helenilson Pontes.

No autofagismo no Palácio do Planalto, Helder, de Brasília, continua a pavimentação de seu caminho ao Palácio dos Despachos.

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