O narcisismo perdeu

Confesso, antes de mais nada, que nunca fui fã ou admirei o craque Cristiano Ronaldo. Sem dúvida, português será eternizado como um dos
melhores jogadores de futebol da história. Até agora, já ganhou a Bola de Ouro três vezes, só perdendo para o seu maior rival, o argentino Leonel Messi, com cinco conquistas. Minha resistência em apoiar o seu trabalho era pelo seu alto grau narcisista e que me incomodava muito. Sempre achei que ele estava mais preocupado com o cabelo, a posição da câmera, da imagem no vídeo do que jogar bola. Seu desempenho acima da média, mesmo mais preocupado com imagem, lhe garantia excelente nível.
No último domingo em Paris, o país da casa disputava com
Portugal a final da EuroCopa, o maior campeonato de seleções do velho
continente. A França era amplamente favorita ao título. Primeiramente por ter melhor conjunto, jogadores mais técnicos do que os portugueses, que praticamente apostavam todas as suas fichas em Cristiano Ronaldo. Segundo, por jogar em casa, com apoio de sua torcida e uma atmosfera favorável.
Tudo parecia seguir a lógica de favoritismo francês, reforçado aos oito minutos de jogo, quando CR7 sentiu contusão após uma dividida. Voltou ao gramado de jogo e se arrastou em campo até os 28 minutos, quando desabou em
lágrimas ao perceber que estava fora precocemente da final, em um dos jogos mais importantes de sua vida, de seu país. Ali parecia que estava escrito que Portugal seria vice, com a festa francesa.
Não por acaso que o futebol é um dos esportes mais apaixonantes do mundo, justamente por não ter lógica, quando parece ter. O que se poderia esperar de CR7 a partir daquele momento? Descer aos vestiários, arrumar os cabelos com gel e elegantemente, com trajes finos, caros, assistir o restante da partida das tribunas do estádio, em clima refrigerado.
Nada disso, Cristiano nem tirou o uniforme. Recebeu tratamento à beira do campo e de lá ficou. Foi além, por diversos momentos ficou ao lado do técnico, como um auxiliar, apoiando e dando orientações aos seus pares. Em
nenhum momento fez pose ou ficou procurando a sua imagem nos telões do estádio, como tem costume de fazer. Estava descabelado, sujo, contundido, mas não arredou o pé. Chorou quando a seleção portuguesa fez o gol do título no início do 2º tempo da prorrogação.
No final, com o fim da partida e a cerimônia de entrega de medalhas, Ronaldo ergueu a taça e dedicou o título aos imigrantes. Sem dúvida, a dedicação foi muito comentada, haja vista, o momento político que a Europa
vive e a resistência aos que “são de fora”.
Confesso que tudo que aconteceu me fez repensar a avaliação que tinha e que carreguei por anos em relação ao craque português. Ronaldo mostrou como é ser um líder, ter superação, vontade e espírito de grupo. Uma aula
de profissionalismo. Deveria servir de exemplo a Neymar e como se comporta na seleção brasileira. Depois da Eurocopa, Cristiano Ronaldo dispara como franco favorito para conseguir Bola de Ouro, ser o melhor jogador de futebol em 2016. Seria a sua quarta conquista, encostando em Messi.
Enquanto Messi renega a seleção Argentina e Neymar parece pouco se importar com a seleção brasileira, Cristiano Ronaldo mostrou ao mundo o seu amor a pátria. Pelo visto o narcisismo perdeu. Foi chutado literalmente
para longe. Parabéns a Portugal pelo título. O futebol realmente não tem lógica. Ainda bem.
Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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