O suspiro de Tite

A seleção brasileira durante o jogo decisivo contra a Costa Rica oscilou o tempo todo. Até a metade do primeiro tempo em San Petersburgo, repetiu-se o que se viu em Rostov: a seleção brasileira pouco produziu. O time estava nervoso, sem aplicação tática e proposta de jogo. Até os 30 minutos de jogo, a melhor oportunidade de abrir o placar havia sido uma jogada do ataque costarriquenho.

Assim como na estreia, a seleção não produziu no jogo o que treina, ou melhor, as especialidades de Tite: compactação e triangulações pelas laterais. Mas diferente do primeiro, os jogadores entraram focados, determinados a vencer, nem que fosse pelo placar mínimo. A Costa Rica veio retrancada, jogava por uma bola, um lance. Seu esquema tático era o 5-4-1 (igual ao posicionamento suíço, mas sem os pontas jogando em profundidade) um sistema defensivo forte e muito bem posicionado.

Willian segue preso na ponta direita. Não parte para o meio, como faz no Chelsea. Uma clara determinação tática de Tite. A entrada de Fagner possibilitou o esperado: jogadas de linha de fundo e maior apoio pela lateral direita. O time ficou menos penso para o lado esquerdo. Coutinho foi novamente o destaque. Joga no meio, mas dependendo da jogada “flutua” pelas pontas, especialmente a congestionada esquerda.

No primeiro tempo ficou claro o que foi a tônica no jogo contra a suíça: a falta de criação. Os volantes não estão conseguindo chegar na intermediária dos adversários, o que facilitaria a movimentação dos meias brasileiros, abrindo mais jogadas. Gabriel Jesus continua sendo solidário, jogando para o time; sendo um pivô, o que foge da sua maior característica: vim de trás com a bola. Isso acaba por subutilizá-lo, refletindo em regular rendimento, forçando a entrada de seu substituto direto, Firmino (que conseguiu nos dois jogos promover maior movimentação no setor ofensivo).

Ao assistir os dois jogos, especialmente o segundo, me fomentou a lembrança de alguns acontecimentos da seleção na Copa passada, no Brasil. O nível de nervosismo parece idêntico; mesmo jogando a milhares de quilômetros de distância do país. O Brasil desembarcou na Rússia como favorito a conquistar o título, assim como em 2014; muitos discursos de exacerbado favoritismo. Tudo isso sustentado pelos resultados positivos na “era Tite”, e o excelente desempenho nas eliminatórias. Se formos analisar times sul-americanos na Rússia, percebe-se que o campeonato de classificação à Copa, parece ter sido uma cortina de fumaça no que diz respeito ao nível de desempenho.

A seleção brasileira ainda reúne o melhor conjunto entre todas as seleções que disputam o mundial. No plano teórico é imbatível. Mas na prática está claro que Tite não consegue colocar no campo de jogo todos esses arranjos treinados e estudados. O treinador parece que “perdeu o time”, assim como os jogadores, o técnico parece padecer dos mesmos problemas dos jogadores: insegurança e nervosismo..

Tite sabe que o time titular precisa de mudanças. Já havia anunciado dias antes da segunda partida que manteria o time “ideal”, ou seja, aquele que iniciou a Copa. A entrada de Fagner foi uma fatalidade (até positiva), pois Danilo se contundiu. Tite sabia que o lateral do Manchester City era o ponto fraco do time, mas o manteria para a partida contra a Costa Rica. As três substituições feitas na partida contra a Suíça, foram muito criticadas. O time precisando ganhar a partida, mas as trocas em nada mudaram o esquema tático, foram permutas “seis por meia dúzia”.

A cobrança de desempenho em direção aos jogadores é enorme; mas deve-se olhar para quem dirige, quem comanda. Tite chegou na Rússia com uma áurea quase intransponível, construída pela imprensa esportiva brasileira e validada pela torcida.

Adenor Leonardo Bacchi é um ótimo treinador. Chegou à seleção por méritos e por ter se preparado para exercer tal função; mas parece que sente a pressão de uma Copa do Mundo. Com a vitória de virada da Suíça contra a Sérvia; a próxima partida da seleção brasileira tornou-se uma decisão. Para ser a primeira do grupo, precisa vencer; o empate, garante a vaga às oitavas em segundo lugar, podendo pegar a Alemanha (caso o México tropece).

O Brasil venceu por dois gols de diferença, ambos no período de acréscimo, o que em um mata-mata não se pode contar. Tite até rolou no gramado (derrubado acidentalmente); Neymar chorou; os jogadores saíram aliviados e Tite suspirou.  

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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