Orgulho em ser professor

No dia de hoje, 15 de outubro, se fosse em um país desenvolvido ou pelo menos que reconhecesse verdadeiramente o exercício docente, seria no calendário a data mais importante entre todas. Não irei utilizar o dia de hoje para produzir texto pessimista ou de teor negativo (como já se tornou praxe) mesmo que o atual cenário político do país caminhe para a diminuição de direitos para a classe docente de forma geral. Irei retratar aqui o meu orgulho, satisfação, felicidade em exercer a docência. Escrever sobre os desafios e dificuldades já são conhecidas do senso comum, por isso não serão abordadas nesta publicação.

No ensino fundamental (mesmo sem ter – de fato – a verdadeira consciência da importância da profissão) já admirava a figura do professor. Daquele que entrava na escola e todos olhavam, aguardavam a sua entrada na sala e esperavam pelas orientações e explicações que iriam vir (claro que sou de outra geração, sem redes sociais, tempo em que a escola ainda mantinha o monopólio da produção de conhecimento). Me via naquela condição um dia. Por muito tempo nutri internamente esse sentimento e esse desejo de no futuro sentar na cadeira e acomodar meus materiais de trabalho na mesa de professor, ao iniciar mais uma jornada diária docente.

No ensino médio esse desejo se aprofundou, com algumas variantes, muito vinculado as mudanças de personalidades que este complicado período da vida nos impõe. Até que chegou o momento de ingressar no ensino superior. Antes de cursar licenciatura, os caminhos da vida me levaram ao comércio exterior por um ano. O suficiente para me mostrar que não era aquilo que queria ou poderia exercer. Geografia foi a escolhida levando em consideração as influências que aprendi no decorrer da vida estudantil.

Durante esses anos de sala de aula, recebi diversos convites para sair da docência, exercer outras profissões, outras vertentes de ocupação, mas reneguei todas. O único período que não fiquei exclusivo na docência, foram os dois anos que intercalei a atividade de professor com coordenador, mas com saudade enorme do exercício docente efetivo. O breve período em que estive coordenando me mostrou o quanto sou dependente de sala de aula.

Atualmente, estou fora da sala de aula na rede municipal de ensino de Parauapebas. Resolvi – depois de pensar muito – aceitar convite para trabalhar em outra área, uma outra paixão que foi se desenvolvendo em mim: comunicação. Todavia, em datas como a de hoje, a saudade da sala de aula volta, aperta o peito.

Sou feliz e realizado na profissão que escolhi. Hoje sei que por algumas escolhas, preciso intercalar outras atividades como a sala de aula, a atividade docente perdeu o monopólio. Deixo, portanto, o meu abraço e reconhecimento a todos os professores deste país e faço votos para que possamos continuar nessa árdua, mais prazerosa missão que a nós foi concedida.

Doze anos se passaram desde quando pisei pela primeira vez em uma sala de aula. Nesse tempo carrego comigo a experiência, o amor pela profissão e, apesar das dificuldades, o orgulho em ser professor. O ofício em sim não se resume em ensinar, como se pensa popularmente. É muito além disso. Nesse tempo todo de docência aprendi a amar, a buscar entender a complexidade que é o ser humano. Lido todos os dias com centenas e centenas de pessoas, que pensam e agem diferente. Em doze anos conheci o melhor e o pior de muitos alunos. Vi os que venceram, conseguiram chegar aos seus objetivos, aos que estão ainda no caminho, e os que não conseguiram. E pior: os que nem estão mais aqui. Tudo isso nos molda também como ser humano. Tiver o privilégio de trabalhar com todos os níveis socioeconômicos e idade de alunos, em todos os tipos de instituições de ensino, desde as mais elitizadas as mais simples. Uma experiência de vida imensurável.

Obrigado a todos os meus ex-alunos, alunos e os que ainda serão. A luta por uma educação de melhor qualidade continua. Nenhum direito a menos. Avante, professores.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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