Na manhã do último domingo (25), ocasião em que estive em Belém; fiz o procedimento praxe quando estou na capital no primeiro dia da semana: comprei os dois principais jornais do Pará (Diário do Pará e O Liberal; o primeiro e segundo maiores em venda de exemplares, respectivamente).
Nenhum ataque aos Barbalho na capa de O Liberal (como já vem ocorrendo em dezenas de edições anteriores, mesmo sendo ano eleitoral). O referido periódico diário tratou das questões dos royalties provenientes da extração de petróleo aos municípios paraenses. O Diário do Pará – como de praxe – voltou a atacar o governo de Simão Jatene, neste caso, retornando com a questão da segurança pública e a triste estatística que ronda a área.
Folheando as páginas do jornal das Organizações Romulo Maiorana (ORM), poucas referências positivas ao governo estadual do PSDB (abordado diversas vezes pelo blog, a questão da destituição de Rômulo do cargo de diretor-presidente e a tomada do poder do grupo pelos irmãos Ronaldo e Rosangela, com todas as consequências que essa mudança poderia causar, por exemplo, na linha editorial).
O que me chamou a atenção foi no interior do jornal O Liberal. Em seu caderno “Mercado” (com perfil publicitário); o periódico das ORM trouxe como título: “Pará receberá recursos de Fundo Nacional Ferroviário” – matéria que ocupou toda a primeira página do caderno. O seu conteúdo fez referência direta ao MDB; com citações elogiáveis em relação ao Governo Federal e aos Barbalho, neste caso, ao senador Jader e ao seu herdeiro político, o ex-ministro Helder.
Na semana passada, Helder Barbalho esteve com uma comitiva de dirigentes das mais importantes federações do Pará (Fiepa, Faepa e Fecomércio) no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, em audiência com o presidente Michel Temer. A matéria reafirma que a ação do pré-candidato do MDB ao governo do Pará foi determinante para que o Pará pudesse receber uma compensação de pouco mais de um bilhão de reais, através do Fundo Nacional Ferroviário, que ainda será criado através de uma Medida Provisória.
Se as ORM ainda estivessem sob comando de Rômulo Maiorana Júnior, seria impossível que tal matéria pudesse ter sido vinculada a qualquer veículo da “casa”, mesmo em um caderno publicitário, portanto, pago. Pelo contrário, o jornal possivelmente associaria em sua manchete dominical a perda de bilhões – 10 vezes menos o valor a que o Pará teria direito – jogando total responsabilidade ao MDB nacional, e ao paraense controlado pelos Barbalho.
Claramente, e sem cerimônias, Ronaldo e Rosangela, os dois controladores das ORM, deixaram de lado as rixas passadas de seu irmão, Rômulo, com os Barbalho; e passaram – se não aliados, pelo menos, deixaram de ser inimigos.
Portanto, Helder, poderá contar com dois grandes alicerces na disputa eleitoral: um, o jornal de sua família e que é o mais vendido em solo paraense, o Diário do Pará; e outro, mesmo não sendo aliado declarado, mas deixou de fazer ferrenha oposição ao candidato do MDB, como ocorria em um passado recente.
Enquanto isso, Márcio Miranda que precisaria da “velha” relação das ORM com o grupo político de Jatene, fazendo uso da grande abrangência da maior organização de comunicação do Pará. Mas está claro que Márcio Miranda não terá o tratamento “vip” de outrora, das ORM. Melhor para os Barbalho.
Imagem: Blog do João Carlos