O título deste artigo analítico foi emprestado da mais nova edição da revista Veja. O citado periódico fez uma ampla análise sobre o terceiro governo Lula, após pouco mais de um ano após a posse do atual presidente. Tudo começou a desandar logo nos primeiros meses.
Há, por exemplo, relato do encontro entre o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e o presidente Lula, em que o parlamentar orientou o presidente logo anunciar que seria candidato à reeleição, para que se pudesse por fim a um autofagismo governista, capitaneado, por exemplo pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda).
Essa iniciativa de Lira não surtiu efeito. O governo continuou com episódios claros de sabotagem e conflitos. É notório que o Palácio do Planalto está descoordenado e disfuncional, todavia, há justificativas para tal cenário, segundo assessores palacianos. Primeira delas: reconstrução do país, deteriorado pela passagem Bolsonarista. Lula assume (algo tratado neste veículo em outras oportunidades) que se ausentou muito do país em 2023, por conta de uma intensa agenda internacional, que teve como objetivo principal recolocar o Brasil como protagonista no cenário internacional.
Às questões domésticas foram empurradas para o ano corrente. Seriam “deslanchadas” depois de todo o planejamento feito no ano passado. Na economia, é claro que Haddad segue sozinho, com o seu plano de déficit zero, que não conta com o apoio, por exemplo, de Lula. A ordem é gastar, especialmente nas pastas sociais.
Ainda se tem diversos tropeços na Articulação Política do governo, pasta controlada por Padilha. Se questiona também o papel de Rui Costa, que segundo relatos palacianos vem deixando à desejar como o grande maestro entre os ministérios.
Na rua, o resultado é um nível de popularidade abaixo do esperado. No mês passado, inclusive, Lula convocou uma reunião ministerial para procurar encontrar uma saída e, de quebra, cobrar dos ministros mais agilidade. Como dito em outro artigo analítico, o que se pensou que fosse apenas um problema de comunicação, era uma questão muito maior, e que envolve todo o governo.
Como bem afirmou o cientista político Murillo Aragão: “No coração do Planalto Central, uma grande fogueira de vaidades, desacordos e inaptidão, atiçada pela política nacional e suas contradições, queima intensamente. Hoje o governo encontra-se ainda confinado em suas próprias limitações mentais e ideológicas, o que bloqueia a realização do seu vasto potencial. O resultado é uma administração confusa, desorganizada, fragmentada e sem uma narrativa coesa. Além de não ter a capacidade de moderação e contenção perante os demais poderes”.
Enquanto isso, o Bolsonarismo continua à espreita.
Imagem: Revista Veja