Os desafios do novo presidente do PSDB paraense e o tabuleiro político de 2020

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Anteontem, 05,  pouco mais de 400 lideranças de cerca de 100 municípios, vereadores, prefeitos, deputados e dirigentes do PSDB paraense se reuniram no auditório João Batista, localizado nas dependências internas da Assembleia Legislativa (Alepa) para definir a formação da Executiva estadual da legenda. Sem surpresas e já com os acordos definidos, o deputado federal Nilson Pinto, que está em seu quinto mandato consecutivo, foi aclamado como o novo presidente da referida legenda. Irão compor a direção partidária os deputados estaduais Cilene Couto, Ana Cunha e Victor Dias, além do deputado federal Celso Sabino.

A nova Executiva tucana terá um grande desafio. Hoje, o PSDB ainda é a segunda legenda em números de prefeituras no Pará (32), atrás apenas do MDB (42). O partido gerencia atualmente os três maiores colégios eleitorais do Pará (Belém, Ananindeua e Santarém), mas corre serio risco de perdê-los, em 2020. O desgaste dos tucanos no Pará é grande. O PSDB corre o risco de passar pelo mesmo processo ocorrido no PT, em 2016, em que os petistas viram o partido desidratar eleitoralmente. Hoje, por exemplo, no Pará, o PT só governa em sete municípios. Já chegou a ter 29 prefeituras na época que a legenda estava no Governo do Pará.

Em 2020, o PSDB disputará sem ter a máquina estadual como suporte. Seu maior adversário político hoje, o MDB tende aumentar ainda mais a sua musculatura política. O governador Helder Barbalho quer conquistar os cinco maiores colégios eleitorais paraenses a todo custo, com a prioridade de Belém e Ananindeua, ainda controlados pelo PSDB, mas com forte rejeição aos prefeitos tucanos Zenaldo Coutinho e Manoel Pioneiro.

Helder já iniciou (o que foi abordado recentemente por este blog) o processo de desconstrução do PSDB, e faz através da cooptação de seus membros. O governador sabe que há grande racha interno no partido, ocasionado pelas decisões do ex-governador Simão Jatene. Na questão do parlamento, não há, por exemplo, oposição – mesmo da bancada do PSDB – na Alepa ao governador, que hoje controla o Poder Legislativo.

Helder sabe que a maior estrela tucana hoje no Pará é o deputado federal Celso Sabino, que teve atuações elogiáveis como deputado estadual, e vem reconhecidamente tendo bom desempenho em Brasília. Sabino é, sem dúvida, hoje o melhor quadro do PSDB do Pará. E Helder sabe disso. A relação entre ambos é boa, e se mantém além dos laços republicanos.

Resta ao governador ordenar dentro do seu tabuleiro as “peças” que disputarão as principais prefeituras do Pará, e ele é quem dará as cartas. Entre os nomes de seu secretariado, há diversas possibilidades, por exemplo, para a Prefeitura de Belém.

Nilson Pinto sabe que herdou um partido em condições desfavoráveis, em alto nível de desgaste. O PSDB, talvez viva atualmente o seu pior momento deste século na política paraense. Muito pior até de quando perdeu o governo para o PT, em 2006.

As gestões do PSDB (em nível estadual e nos municípios – em especial Belém e Ananindeua) provocaram esse cenário, e revertê-lo será muito difícil, pelo pouco tempo que há. A questão é reunir os cacos, reformular as ações e preparar a narrativa de oposição ao governos Bolsonaro e Helder. Primeiro, tem que combinar com a bancada do partido na Alepa, que anda, aliás, muito próxima do Palácio do Governo. 

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