Parauapebas tem o seu mais novo loteamento: Semed

No fim do ano passado, o Ministério Público de Parauapebas, reuniu os eleitos na disputa eleitoral municipal de 2016. O prefeito, vice e os 15 vereadores foram chamados na sede do Poder Judiciário para alguns esclarecimentos e recomendações. As falas por parte dos representantes da Justiça se repetiram por ocasião da diplomação dos eleitos, em dezembro passado. Em todas as intervenções sugeridas pelos representantes do judiciário, constavam a mudança de comportamento e postura dos eleitos. Ficou claro que medidas e ações que estavam sendo tomadas ou aconteciam por parte da classe política parauapebense não seriam toleradas.

Pois bem, parece que os nobres edis fizeram “ouvido de mercador”, ou seja, as recomendações e cobranças não foram levadas à sério ou não estão sendo seguidas. O “modo operandis” na relação entre Executivo e Legislativo parece ter mudado em comparação com o que acontecia, por exemplo, no governo passado. Deixaram de serem flagrantes e passaram a ser menos explicitas.

Na gestão Valmir Mariano a secretaria de educação tornou-se (a exemplo de outros governos, inclusive nos dois anteriores do atual prefeito Darci) um curral de votos. Uma pasta poderosa, disputada, um grande nascedouro de votos. Na gestão passada, a Semed era controlada (pelo menos nos três primeiros anos) por um único vereador. O edil mandava e desmandava na pasta. Os secretários (2) que passaram por lá, antes do vereador ter sido afastado pela justiça, estavam todos subordinados a ele. Sem autonomia. No governo passado, a ampla maioria dos vereadores mandavam e desmandavam dentro da máquina municipal. Recebiam secretarias com “porteira fechada”, ou seja, tinham total controle sobre as pastas. Resultado eu nem preciso desenhar…

Agora, a situação ficou diferente. Raimundo Neto, o novo gestor, parece ter sido blindado pelo prefeito (levando em consideração que o secretário é escolha pessoal do atual mandatário) e possui total autonomia. Portanto, sem poder exercer influência sobre o 1º escalão da Semed, os vereadores foram por outros caminhos. Buscaram camadas inferiores dentro do organograma da educação municipal. Segundo escalão e no que garante voto direto: escolas.

A situação é a seguinte na prática: os vereadores (em sua ampla maioria, quase todos) receberam ou solicitaram diversas unidades de ensino para controlar. Ou seja, o vereador indicaria o gestor, vice e os contratos (professores, técnicos e ASGs). Há edil que possui em seu controle até quatro estabelecimentos de ensino. Portanto, a educação municipal de Parauapebas foi loteada entre vereadores.

Diferente de antes, com ordem de uma única pessoa ou um comando central, o processo foi descentralizado. O secretário, adjunto e suas equipes técnicas fazem a gestão no formato macro. “Mais embaixo”, os vereadores comandam. A ingerência explicita de um parlamentar que chamava a Semed “de sua” afundou a educação em seu processo gerencial, no seu dia-a-dia, bem diferente dos números oficiais. Prêmios como “Palma de Ouro”, foram um tapa na cara de quem faz a educação “in loco”, no cotidiano.

Raimundo Neto é um gestor reconhecidamente competente. Não, por acaso, é o único que resistiu ao crivo de Darci em relação aos nomes de suas gestões passadas. Resta saber se a educação municipal da “capital do minério” resistirá ou resgatará melhores níveis de ensino com esse “modelo” de gestão ao varejo, sustentado pela voracidade dos vereadores. Vamos aguardar.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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