Edir Veiga é um dos intelectuais que mais respeito no Pará. Em 2008, por ocasião de uma semana acadêmica promovida pela faculdade de geografia da Fibra, tive a oportunidade de assistir a sua palestra sobre o sistema político brasileiro e os cenários futuros. No evento percebi que estava na frente de um grande conhecedor da Ciência Política. Seus prognósticos à época se concretizaram e são percebidos até hoje. Previu a derrocada do PT no cenário nacional, isso em um período em que o Partido dos Trabalhadores estava “na crista da onda”.
Veiga que era filiado ao PT, com o avanço dos estudos, pesquisas e projetos na área da Ciência Política, se desfilou e, desde então tenta analisar a seara política o mais próximo possível da imparcialidade. Só as percepções mais profundas de seus artigos consegue-se perceber a sua leve tendência à esquerda. Fundou um instituto de pesquisa que leva o seu sobrenome e aumentou a sua abrangência enquanto profissional. Mantém um blog de análise política chamado “Bilhetim”, sitio virtual em que descarrega suas reflexões, agora com cada vez menos frequência, mas com o mesmo potencial analítico que se tornou a sua marca.
Pois bem, Edir, meio afastado das publicações em seu referido diário eletrônico, voltou ao centro do debate ao publicar ontem (12) artigo sobre a sucessão estadual. Sob o título: “PSDB: Pioneiro no centro do jogo para 2018”. No texto, Veiga, de forma direta coloca os desdobramentos do processo político, justificando o título e apresentando elementos contundentes que o levam por esse viés analítico.
Sobre o referido tema já o abordei diversas vezes em meu blog. Inclusive coloquei o nome do presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), Márcio Miranda como o favorito a ser indicado pelo governador. Minha tese se sustenta pelo perfil de Simão Jatene. O atual mandatário da política paraense não é um homem de partido, ou seja, não terá problemas de indicar alguém de fora do ninho tucano para lhe suceder. Em jogo está a possível disputa eleitoral mais difícil que o PSDB deverá enfrentar desde quando chegou ao Palácio dos Despachos, em 1994.
Mas ao ler o texto, a postagem do Edir Veiga apontando o atual prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro (PSDB) como o favorito à vaga, não se pode desconsiderar tal direcionamento. O artigo é perfeitamente aceitável e embasado. Os tucanos sabem e Jatene mais ainda que o candidato deverá ter musculatura política e perfil popular. Este quesito, Pioneiro tem de sobra, pelo menos, bem mais do que os seus possíveis concorrentes. Faltará apenas ampliar a abrangência política do prefeito de Ananindeua pelo Pará, especialmente nas regiões sul e sudeste.
Outro ponto do processo é que foi desconsiderado ou esquecido pelo cientista político é a indicação de Pioneiro pelo viés comparativo. Assim como Manoel, Helder Barbalho foi prefeito de Ananindeua por dois mandatos e isso cria um ingrediente importante em qualquer disputa eleitoral: a comparação. O tucano é reconhecidamente melhor gestor pelos eleitores daquele município em comparação com o ministro de Temer. Portanto é um argumento amplamente favorável ao PSDB.
Conforme relatou Veiga (e que concordo), Jatene é um hábil estrategista político. Todas as variáveis estão sendo analisadas por ele, talvez, à noite, em seus últimos dias de férias na capital da Itália na área da Piazza Navona e da Via Della Pace, acompanhado de um bom vinho. Talvez aproveitando a sua rápida conversa com o Papa Francisco, Jatene tenha pedido uma “forcinha” divina para escolher o melhor nome para a sua sucessão.
Enquanto isso, Helder Barbalho espera em seu amplo gabinete na capital federal, o nome tucano que irá disputar com ele o Palácio dos Despachos, em 2018.