O governador do Pará, Helder Barbalho, concedeu entrevista exclusiva ao Blog do Zé Dudu, na última sexta-feira (18). O conteúdo do encontro abrangeu diversas áreas, com ênfase na questão econômica e a relação do novo governo com a região de Carajás.
Helder reafirmou o seu compromisso de campanha, de fazer uma gestão presente, que faça o efetivamente o Estado chegar a todos os municípios paraenses. O blog do Zé Dudu insistiu sobre o retorno do governo em relação a Parauapebas, pautando o processo dialético através de dados econômicos, demonstrando a relação extremamente desigual entre o ente federativo e a municipalidade.
Em sua réplica, o governador disse: ” Com relação aos municípios que você citou, Parauapebas e Marabá, acho que o problema não é dinheiro. O problema deles é estratégia, é planejamento, é gestão, é interação com a atividade econômica, e o Estado vai participar como ator parceiro dos municípios para liderar esse processo. Agora, imaginar que o problema para o desenvolvimento econômico de Parauapebas é injetar mais recurso público em Parauapebas, desculpe-me, mas eu discordo disso. Acho que o problema não é dinheiro, não. Dinheiro tem. E sobrando.”
E o governador continua… “E o que que está sendo feito com a maior renda per capita do Brasil, que é o caso de Parauapebas, para mudar isso? – Seguramente, se eu colocar mais alguns milhões aí, não vai mudar, se continuar na regra que hoje está. Porque o problema não é dinheiro. Não é porque é meu aliado que está há dois anos na prefeitura — e aí não quero desconsiderar quem tenha estado antes, mas estou citando particularmente esse mandato — que eu possa imaginar que o problema seja recurso. Não adianta eu arrumar milhões do Estado para Parauapebas se não tiver uma estratégia de planejamento, inclusive, chamando a Vale e compreendendo o seguinte: “Olha, nós vamos ficar só nesse ciclo vicioso de ‘eu pago meus tributos, e tudo certo’? Mas e aí, vai para onde isso? Desse dinheiro vai ser feito o quê? Como é que a gente gera emprego, como é que a gente faz com que isso chegue à base da sociedade?” Eu só acredito em solução que seja pautada na construção com base em planejamento que passe por diversas agendas, que gerem emprego e que gerem desenvolvimento. Então, particularmente aí, na região de Parauapebas e entorno, nos próximos quatro anos, nós teremos algumas agendas profundamente estratégicas. Não tenho dúvida de que nós vamos conseguir a verticalização mineral para região de Marabá e entorno. Inclusive, vamos ter a construção de termelétricas nessa região.
Claramente e sem rodeios, o governador Helder Barbalho demonstra toda a sua insatisfação com a gestão do prefeito Darci Lermen. O mandatário estadual sabe que a questão não se resume a falta de recursos, o que de fato não é, e sim a ausência de um planejamento sério por parte do poder público municipal. A péssima gestão de Lermen é conhecida no Pará e no novo governo. Até o governador que é aliado, do mesmo partido do prefeito, perdeu a paciência e já externa publicamente o maior problema de Parauapebas: falta de gestão pública.
Por outro lado, e sem poder negar (e com a obrigação até pelo mote de campanha de fazer diferente, ou seja, fomentar o Estado presente) o governador sabe que a região vive em estado de abandono histórico por parte dos governos estaduais anteriores, especialmente os da dinastia tucana. Sabe também que a região sudeste paraense tem peso nas balanças comerciais nacional e estadual, e recebe em troca quase nada. O Estado precisa sim investir em Parauapebas por sua importância econômica ao Pará. É inaceitável o grande volume de recursos dispensado pela prefeitura para que os serviços estaduais funcionem em Parauapebas.
Portanto, a narrativa de Helder está certa em parte, haja vista, que precisa-se sim de recursos estaduais para manter minimamente a estrutura do governo do Pará funcionando, e não tendo grande parte bancado pelo erário municipal. Com relação à falta de gestão, isso é inegável, não há o que debater. A incapacidade gerencial de Darci Lermen ultrapassa barreiras e faz até o governador perder a paciência.