PSL cada vez mais longe do governo. Por incrível que possa parecer, isso é bom ao Palácio do Planalto

O Partido Social Liberal (PSL) ao ser levado pela onda bolsonarista da última eleição, elegeu a segunda maior bancada na Câmara de Deputados, com 52 cadeiras. Há quatro anos o partido só tinha elegido um representante e terminará a atual legislatura com oito parlamentares. O crescimento eleitoral foi estrondoso, o maior do Brasil entre todos os partidos políticos.

Após a vitória nas urnas, com Jair Bolsonaro eleito presidente, o PSL sendo o segundo em representatividade na Câmara Baixa, poderia ter um protagonismo importante. Tudo parecia caminhar para uma parceria promissora entre a legenda e o Palácio do Planalto, porém antes mesmo da posse do presidente Jair Bolsonaro, a relação interna do PSL já não era dos melhores. O clã Bolsonaro, cristalizado em Eduardo, o deputado federal mais votado do país, entrou em rota de colisão com alguns de seus pares. E as divergências tornaram-se públicas e apresentaram um clima de rivalidade partidária.

A composição do PSL na Câmara em sua maioria tem pouca experiência política. Alguns são personalidades que “surfaram” na onda bolsonarista e se elegeram, como é o caso do ator Alexandre Frota. Tanto é que os componentes da bancada da referida legenda não tiveram sequer nomes cogitados ao primeiro escalão do governo, se resumirão ao apoio e sustentação política ao Palácio do Planalto, na Câmara.

A relação estremeceu por conta da ida de diversos parlamentares à China, país comunista, indo, portanto, de encontro as bases ideológicas e programáticas do partido e do novo governo, apesar da relação comercial que o Brasil mantém como aquele país asiático (em termos de relação bilateral, a China é hoje o maior parceiro comercial brasileiro).

Até o próprio Olavo de Carvalho, uma espécie de “guru”, um mentor intelectual do presidente, criticou abertamente a iniciativa, chamando os parlamentares do PSL que foram à China de “semianalfabetos” . Tal declaração gerou verdadeiro mal-estar no partido e no governo. Durante as eleições, Bolsonaro fez críticas aos chineses. Em novembro, o editorial do jornal estatal chinês alertou sobre o custo econômico de Bolsonaro querer ser um “Trump tropical” e romper acordos comerciais. Interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que o grupo que foi à China está “deslumbrado” e “desgasta” a imagem do governo ao ter ido aquele país.

Além deste fato há outro. Há claramente dentro do PSL a formação de vários grupos, inclusive dentro da bancada federal, que, por exemplo, já não aceita todas as ordens do clã Bolsonaro, e quer mais independência e até espaços no governo. Após as duras críticas recebidas, diversos parlamentares da legenda já ameaçam retaliar o governo na votação da reforma da Previdência, que deve acontecer ao fim de março, segundo expectativas otimistas palacianas.

Pelo visto, o PSL em sua composição legislativa vai se distanciando do governo. E isso – de certa forma – deveria ser comemorado pelo Palácio do Planalto. É menos um problema.

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