Quem vai salvar rio Parauapebas?

No último sábado (20) concedi entrevista a Rede Brasil Amazônia de Comunicação (RBA) de Parauapebas, afiliada a Bandeirantes, no qual abordei sobre atual situação do rio Parauapebas. Na ocasião o excelente repórter Marcelo Duarte criou a sua pauta para a entrevista em relação ao triste cenário em que o principal recurso hídrico que contorna a serra dos Carajás vive. As perguntas que me foram feitas estavam sustentadas no que fazer para salvar o referido rio que possui 350 km de extensão e corta além da “capital do minério”, mais dois municípios: Água Azul do Norte e Canaã dos Carajás.

Não é novidade ou algo que venha causar surpresa o atual estado do rio. No atual período de estiagem, seu leito está bem abaixo do estado mínimo necessário para que o seu curso de água funcione normalmente. Além do fator climático natural da estiagem (verão amazônico com a falta de chuvas) as ações antrópicas aprofundam o problema, que parece só se agravar e sem solução em pelo menos, médio prazo.

Conforme abordei em meu blog diversas vezes, o fator natural associado aos desmandos do homem em sua relação com a natureza só agrava o problema. Por sua geografia aliado aos arranjos institucionais, ou seja, criação de novos municípios na região no fim da década de 80 houve um intenso processo de adensamento populacional na região de Carajás. A pressão sob os recursos naturais, especificamente sobre o rio que corta a “capital do minério”.

Não há tratamento adequado ao esgoto produzido em nossa cidade. Esse material é despejado nos córregos que cortam a área urbana que acaba por desaguar no rio. Isso todo dia, toda hora. Na entrevista chamei atenção para esse fato. Na relação rio-cidade, sete bairros estão às margens do Parauapebas. Os ataques ao rio são flagrantes em plena luz do dia, sem controle ou combate de ações.

Os impactos mais recorrentes são: desmatamento das matas ciliares; atividade mineradora; retirada de seixo e areia; expansão urbana desordenada, com a ocupação da beira do rio; aterramento dos afluentes do rio Parauapebas. Todas essas ações ocorrem há anos e nada efetivo é feito para mudar essa realidade. Isso tudo aliado à estiagem, produz o atual cenário que presenciamos atualmente: um rio com pouca vazão e em alguns pontos, seco.

Conforme já abordei aqui, o município de Parauapebas pelo seu perfil econômico sofre com a falta sentimento de pertencimento de seus moradores. Pior ainda é rio que o corta e responsável pelo abastecimento de quase 300 mil pessoas. O nosso recurso hídrico tornou-se apenas um depósito do que a cidade ou os seus moradores não querem. Não há relação direta.

Não há ações integradas. Por exemplo, um comitê de gerenciamento de crise, neste caso em período de estiagem e que tenha uma discussão mais ampla, envolvendo os três municípios que são banhados pelo rio. Hoje o que se observa são ações localizadas sem interligação com os outros fatores envolvidos. Como melhorar a vazão da água do rio nos limites de Parauapebas sem ações em sua cabeceira ou à montante de nossa cidade?

A discussão sobre o minério e o futuro da cidade não deixam que outras pautas entrem em debate. Parauapebas poderá ficar sem minério nas próximas décadas, mas antes disso, se nada for feito, poderá não ter água suficiente para atender os seus moradores. Quem vai salvar o rio Parauapebas?

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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