Realidade não permite espaço para fantasias de Milei

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Por conta da agenda corrida e sucessivas pautas locais, o fato da posse do presidente argentino, Javier Milei, ocorrida na último domingo, 10, ainda não havia sido abordada por este articulista. Pois bem, vamos, primeiramente ao evento e, em seguida, aos desdobramentos políticos, com as primeiras medidas tomadas pelo novo governo.

Milei teve em sua posse a presença de apenas 10 chefes de Estado; Luis Lacalle Pou (Uruguai), Santiago Peña (Paraguai), Gabriel Boric (Chile), Daniel Noboa (Equador), o primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán, o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal, e também o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski. O ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, esteve na posse. O atual, Lula, como esperado, não foi, mas enviou Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores ao evento.

Passado o processo de solenidade, já empossado, caberia em seu primeiro discurso como presidente anunciar as primeiras medidas de seu governo. A expectativa era saber se o mesmo iria já, de cara, promover as ações mais polêmicas que foram propagadas na campanha. Em linhas gerais, foram anunciadas medidas com foco na situação econômica e ajuste fiscal duro. A situação econômica da Argentina é grave. O novo presidente enfatizou: “não há dinheiro”. Todavia, Milei evitou tocar em medidas mais polêmicas, deixando claro que serão discutidas mais à frente, em outro momento.

Vale ressaltar que essas medidas, digamos, mais controversas, dependem da aprovação do Congresso Nacional, em que o novo governo está longe de ter maioria nas duas Casas. Por mais que Milei tenha feito acordos o ex-presidente Maurício Macre, buscando sustentação política no legislativo, além de nomes mais competentes para a composição de seu governo, o novo presidente está longe de ter sustentação política que o garanta aprovar junto ao Congresso as tão propagadas mudanças estruturais na economia argentina.

O fato que mais chamou atenção após o fim do ato de posse, foi o ato de nomeação por parte do próprio Milei, de sua irã para compor o primeiro escalão do governo, derrubando um decreto de 2018, assinado por Macre, seu aliado.

O que dito antecipadamente por este veículo, o mundo real sempre se impõe aos devaneios de campanha. Javier Milei é mais um exemplo. Temos difícies pela frente. A narrativa fantasiosa de campanha é passado. Agora é trabalho e ações reais.

Imagem: DCM. 

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