No início da corrida eleitoral para a prefeitura de Belém, o então prefeito que buscava à reeleição, Zenaldo Coutinho (PSDB), aparecia em terceiro lugar, atrás de Edmilson Rodrigues (Psol) e Éder Mauro (PSD). O mandatário da política belenense, ostentava alto índice de rejeição, o que parecia comprometer o projeto de poder do PSDB na capital paraense. Alguns analistas indicavam que o tucano poderia nem ir ao 2º turno.
Neste processo eleitoral, consta o seu desdobramento direto, especialmente, a sucessão de Simão Jatene, em 2018. Abordei a referida questão em meados de agosto do ano corrente, colocando como título a crise no ninho tucano. Naquele momento, Zenaldo e Pioneiro, ambos do PSDB, estavam em situação crítica em relação à disputa eleitoral, em Belém e Ananindeua, os dois maiores colégios eleitorais paraenses, respectivamente.
O cenário eleitoral mudou bem rápido em Ananindeua e Manoel Pioneiro, se reelegeu facilmente, em primeiro turno. A expectativa ainda estava em relação a Belém. Não se tinha a certeza de vitória de Zenaldo, mesmo com a maioria dos institutos de pesquisas sustentando a reeleição do atual prefeito.
Se Zenaldo estivesse perdido a eleição em Belém, inegavelmente, isso seria ótimo ao prefeito de Ananindeua. Credenciaria Pioneiro a ser o favorito a sucessão de Jatene, haja vista, a sua força política e avaliação positiva. A derrota tucana em Belém, se ocorresse, representaria o afastamento de qualquer pretensão de Zenaldo ao Palácio dos Despachos, em 2018. Jatene não arriscaria em lançar um prefeito derrotado e que mostrou ser péssimo gestor público. O governador não colocaria em xeque a manutenção do projeto de poder tucano no Pará, que já virou dinastia, haja vista, o seu longo tempo de permanência. Em 2018, o PSDB completará 20 anos à frente do Executivo paraense, 16 anos de forma ininterrupta. Nunca um grupo político – desde o processo de redemocratização – ficou tanto tempo no poder no Pará.
A vitória de Zenaldo o credencia a ser um dos possíveis nomes à sucessão de Jatene, dentro do PSDB. Os tucanos sabem que irão disputar eleição novamente contra Helder Barbalho (PMDB), agora com maiores dificuldades. Seu maior nome, Simão, não estará na disputa. Dizem que já decidiu ser candidato ao Senado Federal (decisão quase praxe entre os governadores que estão encerrando longo ciclo de poder). Outro ponto ruim ao PSDB é o fortalecimento do nome de Helder Barbalho. O herdeiro político de Jáder, mostrasse a cada ano um grande articulador político, e hoje, controla um poderoso orçamento, sendo titular do Ministério da Integração Nacional. A referida pasta permite a Helder promover grande articulação política, processo que o mesmo já realiza, especialmente junto aos prefeitos, os maiores cabos eleitorais em uma disputa pelo governo estadual.
Pelo visto, ainda haverá muitos desdobramentos neste processo de disputa pelo Palácio dos Despachos. Jatene terá a missão de escolher o melhor nome, a melhor opção para concorrer com o já favorito Helder. Nas mãos de Simão está em jogo a manutenção de poder do PSDB no Pará e seu longo período à frente do Executivo paraense. A disputa já começou a todo vapor.