O blog recebeu do estimado Vicente Reis, colaborador do mandato do deputado Gesmar Costa, texto referente a publicação: “Criador x Criatura: o autofagismo do PSD” publicado neste último domingo (03). O conteúdo segundo o autor foi produzido, a priori, em caráter reservado, ou seja, caberia a este blogueiro publicá-lo ou não. Antes mesmo de ter acesso ao seu conteúdo, avisei ao referido colaborador que tornaria público tal documento. Um dos pilares deste veículo é justamente a sua transparência e independência. Vamos ao texto:
Hoje, eu recebi o link do texto (segundo ele, inacabado, apesar de distribuído a toda a cidade) do professor Branco sobre o momento que vive o PSD de Parauapebas.
Prefacio meu texto dizendo que o Professor Branco goza da minha alta estima, bem como de uma simpatia generalizada em nossa cidade. Ocorre que – TALVEZ – tal prestígio súbito junto à comunidade local (explicado pela ausência de pensadores independentes locais), tenha causado certa soberba no amigo; um certo “salto alto”, digamos assim.
Veja bem, analisar questões complexas exige muito mais esforço que a imprensa marrom dispende ao derramar elogios ao Governo da Oportunidade e da Falta de Água.
Exige foco, disciplina, conhecimento e informação. Este último quesito, aliás, faltou-lhe e muito. Os grandes nomes do jornalismo ao assinarem uma matéria, entrevistaram, conversaram e leram muito sobre o determinado assunto. O achismo passa longe, nesse caso.
Já o companheiro Branco rendeu-se ao caminho fácil da análise rasteira e pouco lastreada pela informação consistente.
Vamos lá:
Quando ele se refere à uma suposta dicotomia existente no PSD, ele é incorreto, pois os projetos não são necessariamente antagônicos (ainda). Se tornar-se-ão no futuro, só o tempo dirá. Mãe Diná não escreve colunas, que eu saiba.
Para que uma pessoa seja eleita, normalmente ela precisa ter sua candidatura embasada pelo tripé: intenção de voto, equipe e recurso. Dessas três vertentes, Valmir não possui duas. E a que ele possui, limita-se a apenas um município; e não estamos falando de uma eleição municipal, estamos?
Segundo… em Belém, pega muito mal a insistência de Valmir em negar a reeleição natural de Gesmar ao que vem sendo considerado o melhor mandato de todos os que já passaram naquela casa de leis, vindo do sul e sudeste do Pará. Mostra que não enxerga projeto de grupo; que projeto pessoal é mais importante. Quando a PF e o GAECO não saíam da porta da Prefeitura e Valmir desceu à incrível marca de 1% de intenção de voto, o partido, em momento nenhum, chegou a cogitar na substituição do candidato, o que teria sido uma manobra perfeitamente justificável, dada a situação à época. Agora, Valmir, esquecendo-se disso, faz o que não queria que fizessem com ele; tenta negar o direito legítimo de reeleição a um colega de partido, bem avaliado e com reais chances.
O título do artigo é uma piada, convenhamos; piada sobre a situação e piada sobre o conhecimento do autor no assunto. Criador é um termo forte que sugere proficiência, especialidade e experiência; adjetivos que na política não cabem de forma alguma em Valmir. Não pensem que eu estou desdenhando dele não; isso já foi dito por todos e pelo próprio Valmir, diversas vezes: “não sou político”… ele sempre se esquivou de assuntos de política; queria apenas ‘governar’. Deu no que deu. Sua incapacidade de jogar o jogo, fez com que o melhor mandato de prefeito que essa cidade já teve, não conseguisse se reeleger, mesmo montado na superestrutura bilionária de que dispunha.
Sobre ter ‘criado’ a personagem Gesmar, vamos aos fatos… Valmir jamais quis Gesmar no SAAEP; acho mesmo que mal o queria no Governo… todos nós sabemos que a sua escolha para o SAAEP era Heleno Costa (ex-SEDEN e irmão do “malino” Célio Costa). Gesmar é que teve a atitude de ir pra dentro do SAAEP e empoderar-se da tarefa de tal maneira que, finda a transição, Valmir, a contragosto, nomeou-o para gestor do SAAEP. O resto é história conhecida.
Pesquisas em 2004 indicavam que o principal problema da cidade, percebido pela população, era a água; em 2008, idem.
Em 2012, a mesma coisa, água! Depois da gestão de Gesmar no SAAEP (com o necessário e justo apoio de Valmir, claro), já na eleição de 2016, os principais problemas passaram a ser emprego (que gerou o mote mentiroso e oportunista da “Oportunidade”) e segurança. Água estava em 7º ou 8º lugar na preocupação da população. Agora, em 2018, cá estamos novamente às voltas com os mesmos problemas de antes. Aparentemente um ciclo maldito acompanha Darci nessa questão, água.
Quem conhece Valmir, sabe que seu campo de atuação não é o Legislativo; ele, ao lado de outros 40 deputados, precisando conversar, barganhar, conchavar, articular? Ele mal conseguia isso com seus secretários, nomeados por ele! Na relação com a Câmara de Vereadores, seu desempenho quase lhe custou o cargo! Agora, imaginem que além do trato diário com os colegas parlamentares, ele terá que ir a DEZENAS de secretarias, dezenas de vezes, pra conseguir os benefícios para a nossa região? O perfil de Valmir, dito por ele próprio em diversas oportunidades, é o de gestor, executivo… usar a ALEPA como trampolim pra 2020 não é sábio, pois muitas pessoas acham que a pior coisa que pode acontecer, é justamente ele se eleger, pois EVIDENCIARÁ sua total falta de aptidão para o trato político em uma casa cheia de raposas velhas.
Sobre Valmir ter mais intenção de votos em Parauapebas?? É normal, pois foi o último gestor, além de ter estado em intensa exposição há apenas dois anos, na última eleição, em que foi derrotado. Mas e fora de Parauapebas? O que as pessoas sabem sobre nossa cidade, além dos escândalos? Afinal, lembrem-se que estamos falando de uma eleição estadual e não municipal. É bobagem, burrice ou mau-caratismo tentar dizer que uma pessoa se elege em apenas um município. Ninguém terá 30, 35 mil votos aqui em Parauapebas. Fato. Acredito que o próprio Darci tratará para que isso aconteça, pois ‘criar cobras’ nunca foi o forte do jogador mais experiente de nossa cidade. E todos sabem que 2018 é o pontapé para 2020…
Deixo uma pergunta: “a quem serve, estimular esse racha no PSD?” Valmir? Difícil. Gesmar? Com certeza não… mas e Chamonzinho ou o Governo? Bem, aí eu deixo essa questão aos amigos (por enquanto).