Ontem, 12, em diversas capitais ocorreram manifestações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Se promoveu em São Paulo, mais precisamente na Avenida Paulista, o encontro de diversas personalidades de nossa política. Os atos foram organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), fundado pelo hoje deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e pelo ativista Renan Santos, em 2014, e o Movimento Vem pra Rua (MVR), fundado em outubro de 2014. Seu principal líder é Rogério Chequer, filiado ao Partido Novo, desde 2017.
Pois bem, vamos aos fatos que sustentam a tese do título deste artigo. No local que concentrou maior quantidade de personalidades políticas, o quantitativo de presentes foi um fiasco. Na Avenida Paulista, segundo os cálculos da Secretaria de Segurança Pública, havia cerca de seis mil pessoas. Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, não chegou a mil. O MBL chegou a suavizar seu discurso — inicialmente o slogan era Nem Lula, Nem Bolsonaro — e assim atraiu parte da esquerda: PDT e PCdoB estavam presentes, assim como a UNE e a UJS.
Em São Paulo, se fizeram presentes diversos pré-presidenciáveis, ex-ministros e senadores da República, além do governador João Dória. Todavia, nem todo esse elenco político foi suficiente para atrair apoiadores. Em resumo, em público, os atos de ontem, 12, foram um fracasso. Por outro lado, mostram o tamanho dos grupos que organizaram. Escancararam também algo que já vem sendo dito e analisado aqui, neste espaço: a inviabilidade do que acostumou-se chamar de Terceira Via. Uma candidatura para além das de Lula e Bolsonaro.
O Brasil está polarizado atualmente da mesma forma que esteve político-eleitoralmente nas eleições presidenciais de 2002, 2006, 2010 e 2014, quando o Brasil acompanhou a disputa entre PT e PSDB. A de 2018, a polarização continua, mas agora os tucanos deram espaço a Jair Bolsonaro contra os petistas. No período citado nunca houve possibilidade de uma terceira opção, apesar de alguns candidatos como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), além de Eduardo Campos, falecido em um acidente aéreo no Guarujá, em 2014, apresentarem em pesquisas dois dígitos.
A questão é que esse bloco com diversos nomes precisam convergir para uma única candidatura, o que parece não ser uma questão fácil de resolver. Há diversos interesses em jogo, de diversos partidos e ideologias diferentes. Não basta só se colocar como anti-Lula ou anti-Bolsonaro, a chamada Terceira Via precisa ter um projeto ao país e, fundamentalmente, um nome, não vários.
Nas manifestações de ontem, 12, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Psol não participaram. O primeiro, claramente, não apoiou por estratégia política. Lula lidera com folga, portanto, não faz sentido ajudar a promover um ato que por mais necessário que seja, não combina com os interesses políticos petistas. Já o Psol, além da questão eleitoral, o que pesou foi a situação ideológica.
De todo modo, as manifestações promovidas pelo MBL e Vem Pra Rua em questão de público foram um fracasso. Como dito, em termos quantitativos, o público visto é o tamanho desses dois grupos atualmente na política. A Terceira Via tenta se viabilizar em um cenário em que temos um ex-presidente liderando com folga as pesquisas e um atual impopular, mas que ainda reúne em torno de si 20% do eleitorado e tem uma poderosa máquina estatal. A polaridade que sempre se fez presente nas últimas décadas nas disputas presidências no Brasil, continuará. Não há espaço para pulverização de interesses de grupos distintos.