Márcio Miranda e o dilema da narrativa esquizofrênica

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Com certo atraso, os coordenadores de campanha de Márcio Miranda (ligados diretamente ao candidato, e não ao grupo indicado pelo PSDB) perceberam o óbvio: a narrativa de apresentação na propaganda eleitoral do plano de governo não está emplacando junto ao eleitorado, justamente por Miranda ser o candidato da atual gestão, do atual grupo que governa o Pará há 20 anos.

As propostas são de ampliar quase tudo que a gestão de Simão Jatene está fazendo. Em algumas áreas são apresentadas novidades, novos projetos. A questão é a desconfiança que o eleitorado tem em relação ao fazer diferente, mudar o formato de governança. Como propor ações que nunca saíram do papel em 20 anos de gestão? Como propor romper com o atual modelo de gestão impopular, se o grupo que governa o Pará há duas décadas se manterá no poder em caso de vitória de Márcio Miranda?

O candidato do DEM está preso em sua própria narrativa. Não há como se desvincular da imagem da atual gestão e de toda a sua impopularidade; da mesma forma que não consegue se desvencilhar da sombra de Simão Jatene. Miranda não consegue emplacar nos principais colégios eleitorais do interior paraense, como Marabá, Santarém e Parauapebas. Seus palanques estão enfraquecidos nessas municipalidades e em outras. Para piorar, a Região Metropolitana de Belém (RMB), conhecida como o refúgio tucano nas eleições ao governo do Pará, já não apresenta o mesmo apoio ou unidade junto ao PSDB. Exatamente o que garantiu a vitória dos tucanos, em 2014, deixou de ser a sustentação do referido partido.

Helder Barbalho avança na RMB, a sua principal tática eleitoral, o que vem funcionando na prática. Miranda parece enquadrado em uma dialética que não emplaca. Suas propostas e discursos não ecoam, não convencem. O retrato de uma dinastia partidária que chegou ao seu limite e que parece segurar o crescimento de seu atual candidato na disputa eleitoral.

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