Síndrome de Estocolmo tucana

Síndrome de Estocolmo é um termo geralmente usado para nomear um estado psicológico em que a vítima de uma agressão desenvolve simpatia pelo seu agressor. É o caso do oprimido que se identifica emocionalmente com o opressor. Do abusado que defende seu abusador. Ou do refém que passa a sentir compaixão pelo sequestrador.

A origem do termo é atribuída ao psicólogo e criminólogo sueco Nils Bejerot. Ele o teria usado para designar o conjunto de características psicológicas manifestadas pelos quatro reféns do assalto de Norrmalmstorg, ocorrido no início dos anos 70 em Estocolmo, capital da Suécia.

Apesar de ser bastante conhecida, a Síndrome de Estocolmo não é oficialmente uma doença. Ela não consta nem da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), nem do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Fazendo uma analogia entre quem promove opressão e quem torna-se oprimido, podemos fazer a relação entre PSDB e o bolsonarismo. Durante duas décadas, tucanos e petistas polarizaram as disputas eleitorais no Brasil. Se posicionaram, em regra, o PT na centro-esquerda e o PSDB na centro-direita e assim ocorreu por seis eleições presidenciais seguidas. Todavia, em 2018, surge com toda a força um fenômeno eleitoral que se apresentou mais à direita do que os tucanos: Jair Bolsonaro, até então um deputado federal de desempenho medíocre, que se posicionou como o único em condições eleitorais de vencer o PT, como de fato ocorreu.

Na prática, o Bolsonarismo se posicionou em diversas escalas no campo à direita, de um centro até à extremidade, destronando o PSDB desse campo político-ideológico. Portanto, quem alimentava a liderança direitista tucana era o seu maior adversário: PT.

Muitos diziam que a operação Lava Jato iria acabar com os petistas, que seriam “varridos” do cenário eleitoral. De fato, o citado partido teve uma queda considerável nas eleições municipais de 2016, para em seguida uma leve recuperação em 2018, mesmo com a diminuição eleitoral de quando estava na Presidência da República, o que, digamos, é considerado normal.

De 2018 até o momento a desidratação político-eleitoral do PSDB impressiona. A começar com a perda do governo de São Paulo, chamado de a “joia da coroa” do partido. Após 28 anos, os tucanos deixarão em dezembro o Palácio dos Bandeirantes. A legenda ainda tenta sobreviver no plano estadual com as disputas no Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, porém nas três disputas os candidatos tucanos não são favoritos.

No Senado, por exemplo, o PSDB sairá de oito eleitos para quatro. Na Câmara Federal o PSDB cumpriu os requisitos (quocientes eleitoral e partidário) em 2022 e, junto com o Cidadania, elegeu 18 deputados federais, sendo 13 tucanos – uma diminuição de nove parlamentares em comparação com o pleito de 2018. O que era esperado aconteceu: o partido continua a desidratar, caminhando a ser uma legenda pequena.

Quem é o maior responsável por isso: em grande parte o Bolsonarismo, que destronou o PSDB e tomou dos tucanos a Direita, empurrando-os ao ostracismo. Por isso, o título deste artigo trata da Síndrome de Estocolmo, que pode ser aplicada na relação entre o PSDB e o Bolsonarismo, pelo fato dos tucanos, em sua maioria, apoiar Bolsonaro, justamente o maior responsável pela queda do partido.

Imagem: Folha de São Paulo. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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