Tábua de salvação

Faltando um ano e meio para o próximo processo eleitoral, este a nível municipal, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol) corre contra o tempo para salvar o seu projeto de reeleição. Ostentando baixos índices de aprovação, o alcaide belenense sabe o espaçamento temporal entre o presente e o futuro próximo. Todavia, para a sua sorte, os ventos que sopravam-lhe muito desfavoravelmente, recentemente mudaram. Se antes, a Prefeitura de Belém contava com a parceria do governo do Pará, desde o início do ano, goza de ótima proximidade com o governo federal.

Essa proximidade com o governo Lula, possibilitou ao atual prefeito de Belém, o retorno de parcerias e, sobretudo, de acesso às diversas modalidades de financiamentos e empréstimos, como o recente assinado com a Caixa Econômica Federal (CEF) que chega a R$ 100 milhões. Anteriormente a este, a Prefeitura de Belém contraiu empréstimo junto ao Banco do Brasil, que somou o dobro do valor do citado.

Portanto, Edmilson terá 300 milhões de reais para investir, sobretudo, no saneamento básico da capital paraense. No mês passado, no auge da crise da saúde pública belenense, o governador Helder Barbalho (MDB) autorizou repasse de R$ 30 milhões para atender em caráter emergencial. Foi um alento aos que precisam do Sistema Único de Saúde (SUS).

COP 30: tábua de salvação

Além do retorno dos contatos institucionais com Brasília, Edmilson Rodrigues poderá ter, quem sabe, o seu projeto de reeleição salvo. A sua “tábua de salvação” poderá ser a escolha de Belém como sede da próxima COP, a 30. A Conferência das Partes, que representa a associação de todos os países-membros (ou “partes”) que se reúnem anualmente, por um período de duas semanas, para avaliar a situação das mudanças climáticas no planeta. Ela é a maior e mais importante conferência anual relacionada ao clima. Sua origem está ligada à ECO-92, organizada há 31 anos pela ONU, no Rio de Janeiro, onde 197 países assinaram um tratado para estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

Pois bem, a última COP foi realizada no Egito, em novembro do ano passado, e teve a participação do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e governador reeleito Helder Barbalho (MDB). No evento, o mandatário paraense articulou para que o próximo encontro, em 2025, fosse na Amazônia, tendo como sede Belém, sob justificativa da necessidade em discutir sustentabilidade.

Falta a confirmação oficial que Belém será a sede da COP 30, o que deverá acontecer em breve. A escolha será uma “tábua de salvação” política de Edmilson Rodrigues. Tudo porque, a capital paraense passaria a receber grande volume de investimentos dos governos estadual e federal para melhor adequação urbana com objetivo de melhor receber o citado evento internacional.

Não é novidade que Helder quer ter o controle do Palácio Antônio Lemos, sede do governo municipal. Seu apoio à reeleição de Edmilson não está entre as suas prioridades. Por outro lado, a se confirmar a escolha de Belém como sede da CPO-30, o mandatário estadual teria, quem sabe a contragosto, empenhar grande volume de recursos na capital do Pará. O maior beneficiário seria, sem dúvida, a gestão municipal atual.

Pesquisas eleitorais apontam ainda que, apesar do índice de aprovação ser baixo, Rodrigues lidera a disputa eleitoral em Belém. Com essa “alavanca” vindo de Brasília e com a possibilidade de investimentos por conta da COP-30, a reeleição de Edmilson não seria algo tão impensável como, por exemplo, é hoje. A sorte está com o prefeito de Belém. Pelo menos, por enquanto.

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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