Presidentes de cinco partidos da centro-esquerda à centro-direita se reuniram ontem, 16, em Brasília para iniciar a discussão de uma candidatura única às eleições do ano que vem. Organizado pelo ex-ministro da Saúde — e ele mesmo presidenciável — Luiz Henrique Mandetta, o encontro reuniu PSDB, Cidadania, PV, Podemos e DEM. De concreto, porém, apenas a decisão de não apoiar nem o presidente Jair Bolsonaro, nem o ex-presidente Lula.
Um nome de Centro tenta se manter viável dentro da futura disputa presidencial. Com a confirmação de que o apresentador Luciano Huck desistiu de disputar a eleição, as opções dos nomes para rivalizar com Lula e Bolsonaro ficou menor enfraquecido. Ciro Gomes é um nome um pouco deslocado desse grupo, mas tenta se aproximar dele e ser o indicado como esse nome de centro. Outra opção seria a do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que ainda não bateu o martelo se quer continuar no Palácio dos Bandeirantes, ou se lançar ao Palácio do Planalto.
Como já citado, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tenta se viabilizar como candidato. João Amoedo (Novo) anunciou a sua desistência. Outro nome que orbitava o grupo era do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, que já viu a sua candidatura subir no telhado.
A especialista em direito constitucional, Vera Chemim ressalta que um candidato de terceira via, além de neutralizar a polarização, precisará acenar para um projeto político, econômico e social capaz de alavancar o desenvolvimento do país. Ela considera que a chegada desse jogador na briga ainda pode acontecer. “É possível sim, a entrada mesmo que tardia de um terceiro jogador, a despeito do pouco tempo”. Um dos fatores que contribuirão significativamente para o fortalecimento de uma terceira candidatura, emenda Chemim, é a exaustão da sociedade quanto à polarização ideológica.
No mês de abril foi divulgada a pesquisa EXAME/IDEIA sobre a disputa presidencial do próximo ano. O levantamento em questão apontou que, se as eleições presidenciais fossem hoje, um terço dos eleitores votaria em algum nome diferente de Jair Bolsonaro (sem partido) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na simulação de primeiro turno, 27% apostam em um candidato de terceira via.
É interessante perceber que a somatória das outras candidaturas está praticamente empatada com Lula e Bolsonaro. Se houver uma convergência de nome, a terceira via se torna uma possibilidade real. A grande questão é ter um único nome que concentre todos os votos da terceira via, para aí sim, disputar um segundo turno, seja com Lula ou com Bolsonaro.
Se esse nome não surgir em consenso, a polarização novamente estará posta. A ver.