Trumpismo à brasileira

Trumpismo ficou conhecido por ser um termo usado para as ideologias políticas, emoções sociais, estilo de governança, movimento político e conjunto de mecanismos para adquirir e manter o controle do poder associado a Donald Trump e sua base política. Os termos exatos do que constitui o Trumpismo são controversos e suficientemente complexos para sobrecarregar qualquer estrutura única de análise; foi chamada de política americana variante da extrema direita, e o sentimento nacional-populista e neonacionalista visto em várias nações em todo o mundo desde o final dos anos 2010 para o início de 2020. Apesar de não estarem estritamente limitados a um único partido, os apoiadores de Trump se tornaram uma facção significativa do Partido Republicano nos Estados Unidos, com o restante frequentemente caracterizado como “estabelecimento” em contraste.

Em janeiro de 2021, o mundo acompanhou estarrecido à invasão do Capitólio, prédio que abriga o Congresso americano, onde ficam deputados e senadores. Na data (06/01/21) acontecia a cerimônia de validação do processo eleitoral que consagrou a vitória do democrata Joe Biden. Todavia, por conta de uma ação orquestrada (investigações mais recentes, confirmaram isso) do derrotado Donald Trump, que estimulou seus apoiadores a não aceitar o resultado.

O local foi invadido por uma multidão de apoiadores do ex-presidente republicano. Marcado por violência e confrontos com a polícia, o ato fez com que deputados, senadores e outras autoridades tivesse que se refugiar no porão do prédio ou em seus escritórios privados até que a situação fosse controlada. Quatro pessoas morreram durante a confusão. Pouco tempo antes do início dos debates, vale lembrar, Trump fez um discurso aos seus apoiadores, insistindo na falsa narrativa de fraude e insuflando a população a não aceitar os resultados. Durante a sessão, os manifestantes conseguiram furar o bloqueio da polícia e da segurança e entraram no prédio. Congressistas, funcionários e repórteres que acompanhavam a cerimônia rapidamente se refugiaram em escritórios e outros locais seguros enquanto a polícia entrava em confronto com os invasores.

Escrevi diversos textos sobre essa questão aqui, no Blog do Branco. Como a maior democracia do mundo, permitiu tal cenário, o que falhou? Na sequencia, em outro artigo, quase sequencial ao citado, tratei de chamar a atenção para esse fato e que ele poderia se repetir no Brasil. Suposição? Mais do que isso: proximidade com o modus operandi da extrema-direita americana.

Assim como Trump em 2020, Bolsonaro até a produção deste artigo de opinião, não havia reconhecido o resultado da eleição. E nem deverá fazê-lo. Seu silêncio faz parte de uma estratégia, tem como método inflamar seus apoiadores à desordem, como se acompanha. O passo seguinte será a permanente postura de desconsiderar o resultado eleitoral, defendendo que houve fraude, mas como sempre sem apresentar nenhuma prova, pura bravata. Esse é, sempre foi, e continuará sendo o Trumpismo à brasileira.

Os dois meses que faltam para acabar o ano serão difíceis.

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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