A disputa eleitoral e o desafio de governar Parauapebas

Conforme venho abordando em minhas reflexões e provocações, a disputa eleitoral em Parauapebas ferve e se concentra em três candidatos que buscam a cadeira mais importante da base da cordilheira de ferro, que rodeia o referido município. Parte do tempo eleitoral (que inclui tempo de tv e rádio, além de redes sociais) é gasto em ataques mútuos entre os mais bem colocados, que deveriam melhor utilizar, por exemplo, apresentando propostas ao cidadão parauapebense, debatendo as principais demandas do município.

A estimativa oficial lançada nos últimos dias pelo IBGE aponta que Parauapebas já possui 189 mil habitantes. Quem mora aqui e roda pela cidade sabe que essa estimativa está fora da realidade. A ela se acrescenta – pelo menos – mais uns 60 mil munícipes, para se chegar à patamares reais. Outros falam que já se chegou a casa da terceira centena.

Mesmo que o IBGE tenha estimado por baixo, a menor amostragem, com o município já beirando os 200 mil habitantes, torna Parauapebas uma municipalidade de porte médio dentro da escala de hierarquia urbana, divulgada pelo próprio instituto. Ou seja, a ainda chamada “capital do minério” já possuí patamares de demandas e problemas de grande complexidade, próximas de cidades grandes.

Independentemente de quem venha ou continue a ocupar o Palácio do Morro dos Ventos, Parauapebas já requer, necessita de ações integradas que visem atenuar os crescentes problemas que o município já vive e continuará a conviver. Por exemplos, temos:

  • O sistema de abastecimento de água na cidade (foi ampliado, mas ainda está longe de atender todos os bairros de forma minimamente satisfatória);
  • A expansão urbana desordenada;
  • Ações de preservação do rio Parauapebas;
  • Aplicação na prática do Plano Diretor;
  • Regularização fundiária;
  • Efetivo programa de geração de renda no município;
  • Mudança da matriz econômica (o projeto mais importante).

Há muitos outros, mas no meu entendimento, independente de mandatário municipal, os listados acima estão entre as prioridades. Isso só será possível com boa gestão. Parauapebas e seus problemas não resistem a mais quatro anos de apologia à incompetência, independente de quem vença a eleição, se faz necessário um pacto de boa gestão.

Além das demandas crescentes, há claramente a tendência de redução de recursos (compensação financeira) vinda da extração mineral. Ou seja, o futuro gestor terá menos recursos para atender as demandas cada vez mais crescentes e urgentes que tomam conta do cotidiano parauapebense.

Enquanto a disputa eleitoral é esvaziada de propostas, tomada por um faroeste de acusações e baixarias, o município padece e espera por dias melhores. Definitivamente Parauapebas não é mais para principiantes ou conseguirá conviver com apologia à incompetência. Continuará a ser mais um exemplo negativo da teoria da maldição dos recursos naturais? Pobre cidade já não tão rica.

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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