A esquizofrenia tucana em rede nacional

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Causou espanto, surpresa o último programa eleitoral em rede nacional, apresentado na última quinta-feira (17). O PSDB fez “mea-culpa” sobre a sua atuação enquanto partido político. O programa durou 10 minutos e foi dividido em duas frentes de apresentação: autocrítica aos erros e decisões do partido e a defesa da mudança do regime presidencialista para o parlamentarista.

O PSDB defende o fim do atual modelo que vigora desde 1988, quando foi definido pela Constituição Federal. O parlamentarismo vai de encontro na organização político-partidário do que temos hoje chamado de “presidencialismo de coalizão”. Nele, desde 1988, já tivemos em 29 anos, dois presidentes que sofreram impeachment (Collor e Dilma). Os que concluíram (Fernando Henrique e Lula) sempre estiveram refém do Congresso. E assim continuará. O sistema de parlamento é seguido por inúmeros países ao redor do mundo, mas, há claramente condições políticas mínimas de moralidade e organização para isso. Com o atual Congresso Nacional tomado de denúncias de corrupção, por total descrença pública e até incapacidade de gestão, seria algo impensado a defesa de tal regime de governo.

Por outro lado, o parlamentarismo proporciona saídas mais rápidas, menos traumáticas para crises políticas. Penso que não há a mínima condição de defender a troca de regime de governo sem antes promover ampla reforma política, o que não deverá ocorrer. A questão é: por que agora os tucanos defendem o fim do presidencialismo? Por que a mudança repentina, se isso nunca esteve na pauta do PSDB? Seria meramente por interesses próprios? Uma forma de chegar ao poder de forma mais “fácil”, não enfrentando diretamente as urnas?

Claro que o conteúdo apresentado no programa político tucano não é unanimidade. No dia seguinte ao que foi divulgado em rede nacional, diversos dirigentes do partido manifestaram contrariedade ao conteúdo mostrado. O PSDB atualmente é dirigido interinamente pelo senador Tasso Jereissati (CE) desde a saída de Aécio Neves por denúncias de corrupção. O senador cearense talvez esteja imprimindo as suas convicções políticas ao partido. A resistência a essas posturas é grande.

No auge da esquizofrenia, o programa diz que o PSDB é contra o fisiologismo. Mas esconde que o partido está na base do governo Temer em troca de poder e espaços políticos. Os tucanos controlam quatro ministérios e no auge da crise política do atual governo decidiram por maioria, manter-se na base. Então há um claro descompasso entre a teoria e a prática.

Na verdade, desde 2014, quando o PSDB perdeu pela quarta vez consecutiva a eleição presidencial para o PT, o partido está sem rumo definido. Os tucanos sabem que para as eleições do próximo ano, no caso, a presidencial, não reúnem possibilidades reais de êxito. Ou seja, independente de quem seja o candidato do partido, às chances de vitória são remotas, quase nulas.

A esquizofrenia dentro do “ninho tucano” parece só aumentar. O presente e o futuro se confrontando com um passado saudoso (para os peessedebistas) de Fernando Henrique, que parece não voltar. É a realidade de um partido de centro-direita que não consegue encantar o eleitorado, mesmo os de seu nicho político, pelo surgimento de personagens emergentes como Jair Bolsonaro, que tira votos dos tucanos e não do campo à esquerda, como muitos imaginam. Quando inicia a terapia do PSDB ou é caso perdido?

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