A falsa ditadura da sandália. A polêmica como método. O efeito manada e a ausência cognitiva geral

Sem dúvida, o Brasil é um dos países que mais produz discursão fútil ao redor do mundo. Toda semana a pauta nacional nas redes sociais é um assunto que, em nada irá acrescentar ao futuro do país, mas que sequestra a atenção e empurra assuntos mais sérios para o lado.

O besteirol mais recente diz respeito ao uso de uma marca de sandália, a Havaianas, acusada de ser de “esquerda” só porque a empresa lançou um comercial com a atriz Fernanda Torres, do filme “Ainda Estou Aqui”, longa que trata do período da Ditadura Militar. Torres disse que desejar que todos não “comecem com o pé direito, mas com os dois pés”. Tal afirmação foi suficiente para gerar uma onda de protestos dos que defendem a Direita. Parece obra de ficção, mas é a realidade.

Em 2014, em sua peça publicitária, a mesma Havaianas também tratou do assunto. O comercial foi estrelado por Romário, que calçou a sandália em seu pé direito (o então ex-jogador era destro). O pé esquerdo ficou descalço. Não houve nenhuma crítica ou revolta por isso. Podem dizer que à época o país não estava tão polarizado como atualmente.

Não se pode esquecer que um ano antes, tivemos um movimento de resistência, especialmente de jovens, que buscavam destituir o governo atual. Existia uma grande divisão política no país. Dilma Rousseff se reelegeria naquele ano, mas não teria um dia de paz. O PSDB representava a Direita (ainda não extrema). Jair Bolsonaro começava a ficar conhecido nacionalmente. Em resumo, em 2014, o país estava dividido. Todavia, não existia esse revanchismo e intolerância que acompanhamos nos dias atuais.

Hoje temos um cenário que nos limita a pensar, a usar roupas e até calçados, como no caso da Havaianas, uma das maiores empresas do Brasil, conhecida mundialmente. Todavia, esse movimento que parece ser algo sem sentido, na verdade, faz todo o sentido, quando se tem mudar a pauta. Dias antes, O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou nesta sexta-feira (19) que os cerca de R$ 470 mil, em dinheiro vivo, encontrados pela Polícia Federal em seu endereço têm origem na venda de um imóvel situado em Minas Gerais.

O fato que tomou proporção nacional e continuaria na pauta, todavia, a polêmica da Havaianas tomou a frente, não, por acaso, tem método. Outra polêmica inútil deverá ser promovida para abafar qualquer novo escândalo. Pior para o Brasil, bom para a Direita.

Imagem: reprodução 

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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