A música “Fera Ferida” foi composta pela dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos. A canção foi lançada originalmente em 1982, mas foi na voz de Maria Bethânia que se tornou hit nacional, dez anos depois. A sua letra resume bem a postura e comportamento do atual prefeito de Parauapebas, Aurélio Ramos. Tirem suas próprias conclusões:
Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido
Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você
Eu sei quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor
Eu sei, o coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci
Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo, sem laços
Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo
Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer
Eu sei que flores existiram
Mas que não resistiram
A vendavais constantes
Eu sei que as cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração
Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração.
A letra da música acima, como dito anteriormente, é o reflexo de como age, pensa, e se comporta o atual mandatário parauapebense. O caso que o envolveu na COP30, acusado de agredir verbalmente e fisicamente um jornalista deveria ser o estopim promovido pelo mesmo, porém, Ramos sempre surpreende negativamente.
O relato consta que três jornalistas do Grupo Liberal dentro da Área Azul na COP 30, Ísis Bem e Vanessa Araújo foram alvo de xingamentos e ofensas de gênero, enquanto Wesley Costa foi agredido fisicamente com um tapa no rosto. O caso ocasionou a expulsão pela equipe de segurança das Nações Unidas e o descredenciamento de Aurélio Ramos, que passou a ser proibido de ingressar aos espaços do evento.
O fato tomou – como não poderia ser diferente – proporção internacional. O que é uma vergonha aos parauapebenses. Segundo relatos e narrativa de Aurélio Ramos, o citado jornalista o faltou com respeito quando publicou uma matéria em que o prefeito da capital do minério aparecia em uma roda de conversa ao lado do ministro Guilherme Boulos, do Psol. Sobre isso não há nada de errado, ao conversar com membros do governo federal, com parlamentares, por exemplo, do PT, Aurélio mostra maturidade política.
Porém, quando não se aceita crítica, e se rebate com palavrões e agressões físicas, não há como defender. Aurélio foi vereador em Parauapebas por quatro anos. Sempre agiu com muita firmeza em suas críticas, muitas delas proferidas de baixo calão, desrespeitosas e agressivas. Nunca teve limite ética em seus ataques. Por que agora, na condição de prefeito, ou seja, “vidraça” o mesmo não aceita críticas como as feitas pelo jornalista Wesley Costa ou até por este veículo?
Aurélio Ramos precisa entender que agora deixou de jogar “pedra” e passou a ter “teto de vidro”, portanto, totalmente suscetível a cobranças e questionamentos por tudo que prometeu em campanha ou que não esteja fazendo em sua gestão. Sua postura de conversar com adversários políticos é louvável e estava mostrando maturidade política em prol de Parauapebas, mas as agressões verbal e física, jogam esses “avanços” por terra.
A questão é: quem sempre se sentiu à vontade de criticar fortemente quem quisesse, agora, do outro lado, não aceita críticas? Se um jornalista que o critique – inclusive este que vos escreve – poderá sofrer agressão física, caso encontre com o prefeito Aurélio Ramos? A questão é mais séria do que simplesmente um descontrole emocional.
O gestor parauapebense é, sem dúvida, um gerador de crises. Não há, definitivamente avanços, mesmo com atuação de um media training. O seu maior adversário é a própria narrativa. Nunca a letra de uma música se adequa tão bem quanto a obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, interpretada lindamente por Maria Bethânia, em relação ao cenário político de Parauapebas, que perdeu grande oportunidade de se “vender” no evento.
Imagem: Cidade 091



