A “pedra no sapato” de Helder e a disputa política

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A relação política entre o governador Helder Barbalho e o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, ambos do MDB, é de “estica-e-puxa”. A corda é esticada gerando tensão em alguns momentos; em outros, ela fica solta. Está sendo assim desde 2021, e assim continuará até às vésperas das eleições municipais do próximo ano.

Santos está, digamos, reeleito prefeito do segundo maior colégio eleitoral paraense, caso nada de “anormal” aconteça, leia-se interferência do mandatário estadual. Em acordo, digamos, de cavalheiros entre os citados, Helder deixará o processo eleitoral transcorrer normalmente, sem, por exemplo, lançar um candidato em Ananindeua.

Todavia, esse acordo beneficia muito mais Daniel do que a Helder, pois, se vencer em primeiro turno em votação expressiva (o que em tese tende a ocorrer), Santos se fortalece politicamente para concorrer ao governo estadual, em 2026, seu maior objetivo que, inclusive, tornou-se público. Daniel governador não está nos planos dos Barbalho. Não, por acaso, que Helder em um evento público – na presença de Daniel e de sua esposa, a deputada federal Alessandra Haber – anunciou que a sua vice Hanna Ghassan, será sua candidata, em 2026.

Helder tem musculatura política e total domínio do tabuleiro eleitoral paraense para bancar de forma antecipada essa escolha. Se for ela, de fato, a escolhida, passará a ser tornar competitiva. Ou seria, digamos, um blefe de Helder?

Nessa engenharia político-eleitoral do governador, a eleição municipal de 2024 é primordial para o seu futuro político, assim como o de sua família, que troca a “pele”. A questão central passa a ser o movimento que o atual governador fará na disputa em Ananindeua. Deixará Daniel solto, sem interferência? Ou lançará uma candidatura para “frear” o avanço político de Santos?

Segundo análises feitas e postadas em seu veículo de comunicação, o jornalista Olavo Dutra preconiza a possibilidade de Helder destacar Hanna para essa missão, tendo como vice o atual presidente da Alepa, Chicão, ambos disputariam a Prefeitura de Ananindeua. Em caso de êxito, ela se desincompatibilizaria do cargo em 2026 para concorrer ao governo, e ele assumiria com direito à reeleição.

Dutra ainda afirma que Helder concorreria ao Senado Federal, em 2026, tendo o irmão e hoje ministro, Jader Filho como primeiro suplente. Outra hipótese é a de Chicão assumir o governo com a saída de Helder e sem Hanna (hipoteticamente eleita prefeita em Ananindeua), concorrendo à reeleição no cargo, portanto, podendo ficar até 2030, quando Helder deixaria a cadeira de senador para o irmão mais velho e voltaria a concorrer ao governo do Pará.

Para que toda essa engenharia política funcione, Daniel Santos não pode chegar a 2026 um prefeito popular e muito bem avaliado, em resumo: competitivo. O que se fala é que ele sabe que não contará com o apoio de Helder, portanto, trabalha para que a sua estratégia política funcione. Não, por acaso, elegeu a esposa como a deputada federal mais votada no Pará na última eleição.

O futuro da política paraense, indiscutivelmente, passa por esses dois personagens que, em 2024, travarão o primeiro embate, que terá o “gran finali” em 2026. Enquanto isso, a corda continuará a ser esticada e solta a depender do momento.

Imagem: reprodução Internet. 

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