A vez do Combu

O ano era 2009. Eu estava no quarto semestre do curso de Geografia e, naquele momento, iniciava a disciplina de Antropologia Geográfica. A professora Denise Ramos propôs que a turma fosse à ilha do Combu para que pudéssemos aliar teoria com prática, e assim tirar maior proveito da referida matéria. E assim foi feito. Em um domingo pela manhã, bem cedo, embarcamos em uma pequena embarcação para o outro lado do rio Guamá. A travessia foi rápida, e dependendo da potência do motor e da movimentação das águas, não se demora nem 10 minutos.

Naquela época, a ilha era de pouca movimentação de gente de fora. Havia apenas pequenos pontos comerciais, que eram pouco frequentados. E assim passamos aquele domingo todo por lá, estudando é claro, e aproveitando as belezas do lugar. Toda essa narrativa completou neste ano uma década. Foi necessário descrevê-la para que, você leitor ao ler essa crônica, que mistura-se a mais um artigo de opinião deste blogueiro, pudesse perceber algumas mudanças.

Hoje não é novidade que a ilha do Combu tornou-se importante ponto turístico para os moradores de Belém. Primeiro, por sua localização, poucos minutos do centro da capital; segundo pelas belezas naturais do lugar, que deixou de ser frequentado pelas classes sociais inferiores e passou a ter a presença da classe alta belenense que, em alguns casos, desfilam em seus iates e jetskis. Não há dúvida que a economia local mudou, hoje há 22 restaurantes na ilha, que geram muitos empregos aos moradores, fazendo com que muitos deixassem de lado o extrativismo, em especial do açaí, comercializado em sua totalidade em Belém. Hoje os seus quase 2 mil moradores, em parte, passaram a viver do turismo local. 

Vale a pena lembrar que a ilha é uma área de proteção ambiental (APA), a quarta maior de Belém. A APA se localiza a 1,5 km ao sul da cidade, e tem como limite norte as margens do rio Guamá; a sul é circundada pelo furo São Benedito; a leste pelo furo da Paciência e à oeste pela baía do Guajará. É uma área de proteção de 15,97 km² e tem população aproximadamente de 1.800 pessoas.

Em 1997, através da Lei Estadual nº 6.083, de 13 de novembro do mesmo ano, a ilha do Combu foi elevada à categoria de APA, segundo a Lei Federal nº 9.985, de 2000, visando garantir a proteção dos recursos naturais da região, as condições de vida da população e o desenvolvimento sustentável da área.

Mas nem tudo são flores. Nos últimos cinco anos a ilha viveu um intenso processo de ocupação pelo turismo que vem gerando impactos àquele ecossistema. Primeiro, trata-se da questão da erosão, causado pelo intenso fluxo de embarcações nos furos que cortam a ilha; depois vem a produção de lixo e uso indiscriminado dos recursos naturais disponíveis.

O turismo – se bem planejado – poderá ser uma saída econômica para os moradores. Não é novidade que as ilhas quem compõe a Belém insular, em um total de 39 (que territorialmente é maior do que a Belém continental) vivem há décadas total estado de abandono. A prefeitura da capital pouco faz por essas populações ribeirinhas, que vivem em muitos casos à própria sorte. Dentre elas, o Combu pela proximidade com a capital, pode ser um importante polo turístico que, se bem planejado, poderá ser um grande gerador de emprego e renda. Chegou a vez do Combu?

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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