Ontem, 28, foi realizado o primeiro debate presidencial das Eleições 2022. O evento foi promovido pela TV Bandeirantes em parceria com a TV Cultura, UOL e Folha de São Paulo. Formato que não é novo, mas que voltou com objetivo de diminuir a quantidade de debates, além de criar maior importância a esse tipo de evento, cada vz mais desacreditado pelo eleitor.
Foi definido previamente quem participaria do debate: os três candidatos mais bem colocados nas pesquisas e os de partidos com representantes na Câmara dos Deputados: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).
Na sequência vem a pergunta que todos se fazem: quem teve o melhor desempenho no debate? Quem se saiu melhor? Quem perdeu? Para responder a esses questionamentos precisamos criar alguns parâmetros, não colocar costumeiramente todos no mesmo balaio, mesma régua.
Primeiro, a de se considerar que Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) já largam naturalmente na frente dos demais. Estão com grande vantagem sobre os seus oponentes, em especial o petista, que ainda esperava vencer a eleição já em primeiro turno. A ver. Por que se propõe, então, réguas diferentes?
Lula, por exemplo, lidera todas as pesquisas até aqui. O que faz com que a sua estratégia para o debate seja uma; diferente de quem está em segundo e precisando tirar a diferença. E as candidaturas retardatárias? Essas podem ser franco-atirador. Mas vamos à análise individual de cada participante.
Lula (PT):
Depois do bom desempenho do petista na sabatina do Jornal Nacional, esperava-se que o ex-presidente estivesse bem mais à vontade. Mas o que se viu foi uma postura acuada (muitos irão dizer que foi por conta de orientações da assessoria), demasiadamente na defensiva. Bolsonaro partiu para cima de Lula quando tratou de corrupção, o que fez o ex-presidente ir às cordas. Claramente, Lula ficou sem reflexo. Um tema que ainda lhe custa um alto preço. O petista só “acordou” quase no fim do debate, quando entrou na seara social, um tema em que domina bem e tem o que mostrar.
Ficou claro que Lula ficou na defensiva, no perfil do “empate” de quem lidera as pesquisas e que se manter onde está. De quebra quis mostrar uma figura de estadista, de quem sabe se comportar no cargo de presidente.
Bolsonaro (PL)
A postura do presidente Jair Bolsonaro, muita das vezes é imprevisível. O atual mandatário nacional começou bem, ao seu estilo de ir ao ataque e apresentar números. Foi assim por dois blocos. Ao ser atacado por seus adversários, sempre produziu réplicas que conseguiam manter a situação “sob controle”. Assim como petista têm temas sensíveis, Bolsonaro têm os seus. O presidente desandou e se complicou quando a jornalista da Cultura, Vera Magalhães perguntou ao candidato Ciro Gomes (PDT) com o comentário de Bolsonaro, sobre vacinas. De forma ríspida, Jair atacou a citada jornalista, o que causou grande manifestação nas redes e até entre os presentes. Essa postura foi, claramente, um tiro no pé. Ainda mais porque Bolsonaro tenta se aproximar o eleitorado feminino, segmento em que ele ainda tem muita rejeição.
No balanço geral, Bolsonaro continua – a exemplo do que acontece em suas aparições como candidato – falando para os seus, ou seja, não expande voto. Assim como no Jornal Nacional, agora no Debate da Band, o presidente fala à sua bolha. Perdeu no debate. Bolsonaro não poderia ter sido Bolsonaro.
Ciro Gomes (PDT):
O ex-governador cearense se apresentou – como sempre – sendo, de longe, o mais bem preparado. De partida, Ciro foi “pra cima” de Lula no terreno que o ex-ministro conhece bem mais do que os seus concorrentes: economia. Aproveitou bem o espaço para se projetar e pedir sempre uma chance. Gomes sempre trata do processo eleitoral como não repetir os erros do passado, e que ele sabe como fazer. Conhecido por ser muito explosivo, se manteve sempre comedido, saindo um pouco da linha ao ser atacado por Bolsonaro no caso de sua ex-esposa, Patrícia Pillar, que pode ter lhe custado melhor destino na eleição de 2002. Ciro em mais uma oportunidade, desta vez, a quarta, ficará pelo caminho. Resta saber se irá a Paris?
Simone Tebet (MDB):
A presidenciável do MDB foi para a ampla maioria das pessoas, a que teve o melhor desempenho no debate. Esperava-se, por exemplo, um duro embate entre Bolsonaro e Lula ou Bolsonaro e Ciro. Mas quem mais “bateu” no atual presidente foi a senadora sul-mato-grossense, o que lhe rendeu grande repercussão. Falou bem direcionado ao eleitorado feminino, tratou com grande perspicaz os assuntos vacina e misoginia. Cobrou duramente o presidente e seus ministros em diversos assuntos, dentre eles o orçamento secreto. Tebet saiu maior do que entrou no debate.
Soraya Thronicke (União Brasil):
A candidata do União Brasil, o partido mais rico desta eleição, mostrou que “caiu de paraquedas” neste processo eleitoral. Uma candidatura que foi imposta pela legenda. Assim como Tebet, Thronicke é senadora por Mato Grosso do Sul, mas claramente abaixo do nível de sua conterrânea. Seu objetivo no debate era se mostrar ao eleitor, por isso, foi ao ataque contra Lula e Bolsonaro, seu ex-aliado. Ficou marcada como sendo a candidata do “imposto único”, um projeto antigo, mas que nunca avançou em Brasília. Foi uma grande promotora de memes.
Felipe d’Avila (Novo):
O candidato que se apresentou como um “cidadão como você”, é quem tem entre todos os candidatos, o maior patrimônio declarado (pouco mais de 24 milhões de reais) fez o discurso privatista, portanto, criticou o tamanho do Estado, da alta carga tributária e do financiamento público de campanha, o famoso “fundão eleitoral”, de quase cinco bilhões de reais. Cerco muito o assunto sobre educação, mas não apresentou propostas concretas sobre diversos assuntos.
Imagem: Veja.