Bolsonaro contra Bolsonaro

A afirmação que deu origem ao título deste artigo de opinião, é uma constatação – a essa altura, obvia – e não cabe aqui torcida. Os números estão públicos para todos acompanharem. Mais de 90% dos levantamentos devidamente registrados na Justiça Eleitoral, apontam a derrota de Jair Bolsonaro (PL). Sem ruptura democrática, respeitando o resultado das urnas, o atual presidente perdeu a eleição. Resta saber se a derrota ocorrerá no primeiro turno ou no segundo. Sobre essa questão ainda não há certeza. Há – o que as pesquisas conseguem medir – uma tendência de encerramento da disputa no próximo dia 02. A ver.

Especialistas apontam que nos últimos dias poderá ocorrer o fenômeno de migração de voto para o petista, puxado pelo que se vem chamando de movimento “voto útil”, em especial, vindos de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), candidaturas que as pesquisas conseguiram identificar essa mudança de intenção de voto. Ainda há os indecisos que, em alguns levantamentos, chegam a 15% do eleitorado.

Todas as pesquisas registradas mostram que Bolsonaro continua mantendo um alto nível de rejeição, que ultrapassa os 50%. Como vencer uma eleição com essa margem de eleitorado que não vota de jeito nenhum no candidato? A questão é pura e simples: matemática. Outro ponto: faltando um dia para a eleição, o atual presidente não cresce nas pesquisas. Oscila entre 33 a 36% das intenções de voto, a depender do instituto. Claramente atingiu o seu “teto”, assim como Lula, que também não cresce. O cenário é de estabilidade. Se continuar assim, melhor para o petista.

A campanha do ex-presidente quer “liquidar a fatura” em primeiro turno. Usa a seu favor a narrativa de que um segundo turno poderá possibilitar a Bolsonaro uma manobra ou até uma ruptura institucional. Perdendo no dia 02, fica muito difícil, insustentável até, o discurso bolsonarista de fraude eleitoral. Como afirmar que a eleição foi fraudada apenas na disputa presidencial? E para os outros cargos?

Digamos que, Bolsonaro sobreviva eleitoralmente, e que consiga ir ao segundo turno. Perderá também. Volto a dizer que aqui não se trata de torcida, a afirmação se baseia em fatos, em matemática. O atual presidente não terá o quantitativo de votos suficiente para se reeleger. Caso tenha segundo turno, Lula deverá herdar a maioria dos votos dos outros candidatos.

Bolsonaro contra Bolsonaro

Na questão eleitoral que envolve o atual presidente, o ponto central é o seu nível de rejeição. Em uma eleição, diminuir a margem dos que dizem não votar de forma alguma em um candidato, como no caso de Bolsonaro, que possui em alguns levantamentos, quase 60% de rejeição, é muito difícil. Neste caso, o próprio presidente se autossabotou, com suas atitudes, narrativas e ataques dirigidos a diversos segmentos. Sua maior rejeição é entre as mulheres, que corresponde a 53% do eleitorado, portanto, maioria. Outro ponto negativo é o eleitorado de até dois salários mínimos, que Bolsonaro, mesmo com diversos auxílios sociais, não conseguiu avançar.

A própria campanha do presidente tem dificuldade em controlá-lo, orientá-lo para que evite alguns “deslizes” como ataques a jornalistas. Bolsonaro não deveria está passado por toda essa dificuldade eleitoral, com sério risco de perder em primeiro turno, ou caso vá ao segundo turno, não terá como reverter a derrota. Será o primeiro presidente após a instauração do dispositivo da reeleição, a não ter permanecido no cargo. Tudo isso é resultado de ter governado majoritariamente para a sua bolha e ter promovido uma postura agressiva.

O maior inimigo de Jair Bolsonaro sempre foi ele mesmo.

Imagem: reprodução Internet. 

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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