O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vive o seu pior momento. A popularidade do mandatário nacional atinge patamares nunca antes vistos em sua condição de chefe do poder Executivo Federal. O apoio popular se deteriora a cada nova medição. A crise econômica que se apresenta em patamares inflacionários exorbitantes, produzindo estragos na imagem de Bolsonaro.
Além da política econômica não conseguir devolver o poder de compra da população, mostra-se um desastre. Paulo Guedes, um neoliberal assumido, fiador do apoio do empresariado ao então candidato Bolsonaro; a pessoa responsável pelas medidas de austeridade e que implementaria um agenda de reformas nunca antes vista; propagando que a gestão federal seria mais eficiente, após um amplo programa de privatizações, se perdeu. Na prática, tudo que foi prometido por Guedes, pouco ou quase nada avançou.
Além de ter a sua base social se desmanchando, Jair Bolsonaro agora corre o risco de perder um dos seus maiores sustentadores políticos de seu governo: mercado financeiro, que no Brasil é representado em parte pela avenida Faria Lima, uma das mais importantes artérias da cidade de São Paulo, conhecida por ser um importante centro comercial e financeiro.
Pois bem, a insatisfação do mercado como o governo que antes ficava restrita aos ambientes fechados, em salas de reuniões, agora tornou-se público. Na última segunda-feira (30), um manifesto pela democracia articulado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) vazou, mesmo com a decisão do presidente da Fiesp, Paulo Skaf de adiar a publicação para depois do dia 7 de setembro. O conteúdo do documento é uma dura crítica ao governo, que em represaria, ameaçou tirar da Febraban o Banco do Brasil e a Caixa Econômica.
A questão central é que o mercado está impaciente com a incapacidade gerencial do governo e, sobretudo, das narrativas presidenciais, que mais atrapalham do que ajudam. Aliado a isso, ainda ocorreu manifestação pública de sete entidades do setor agroindustrial, que divulgaram uma nota em defesa da harmonia político-institucional e revelando preocupação com a instabilidade econômica e social no país.
O texto afirma que o desenvolvimento do Brasil precisa de paz e tranquilidade para ser efetivo e sustentável e que o país não pode aceitar “qualquer tipo de de violência entre pessoas ou grupos”. A situação do país e a imagem que o Brasil vem mostrando ao mundo é preocupante. Afasta investidores e dificulta a relação comercial com outras nações. Em um mundo globalizado, todo e qualquer país precisa fundamentalmente de estabilidade, o que, de fato, sob o comando de Bolsonaro, mostra-se impossível.
Com grande queda de apoio em suas bases sociais, agora o governo Bolsonaro começa a perder importantes apoios de setores que sempre o sustentaram, como o mercado financeiro e grande parte do agronegócio. Ninguém mais aguenta a manutenção desta distopia que o presidente faz questão de alimentar. Sua narrativa prejudica todo e qualquer tipo de relação comercial. Até os seus apoiadores já perceberam isso. Iniciou a temporada de desembarques.
Day After do 7 de Setembro
O esperado Dia da Independência chegou trazendo consigo grande expectativa do que poderia ocorrer por parte dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, tendo como base a contundente narrativa do mandatário nacional em relação aos outros poderes, à democracia.
No balanço geral, a ação de ontem em nada acrescentou politicamente a Bolsonaro. Não o fez ganhar nenhum novo seguidor. Pelo contrário, seus discursos em Brasília e São Paulo, tiveram efeito reverso, ou seja, de isolá-lo ainda mais. Até o momento, não se falava dentro do Congresso Nacional tão repetidamente em impeachment. Diversos partidos, alguns da base do governo, já debatem a possibilidade do apoio público ao processo de impedimento do presidente.
A sensação que se tem é que Bolsonaro sabe que o seu governo acabou. Que será derrotado nas urnas. Por isso, a busca pela ruptura institucional. O capital já desembarca, parte de setores como o agronegócio já não o apoiam, e agora depois de ontem (7), grande parte de sua base política já estuda deixar a nau governista. A ver.