A comitiva presidencial desembarcou na última segunda-feira, 18, em solo americano para uma intensa agenda que o presidente Jair Bolsonaro teve nos Estados Unidos, com ênfase na relação bilateral entre os dois países. Na ausência do presidente, o natural seria o seu vice, neste caso o general Hamilton Mourão, assumir o cargo interinamente e já despachar na condição de mandatário. Mas parece que o governo Bolsonaro inaugura um regime monárquico disfarçado.
Anteontem, 18, o filho do presidente e vereador no Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro divulgou em suas redes sociais que estava em Brasília reunido com diversos deputados, despachando, e segundo o próprio, estava desenvolvendo “linhas de produção solicitadas pelo presidente”, neste caso, o seu pai. Neste caso cabe a indagação: o que seria essa linha de produção? O que produz? Qual seria o objeto ou objetivo?
A questão é que no horário das reuniões em Brasília, Carlos estaria em expediente como vereador na cidade do Rio de Janeiro. Uma rápida pesquisa aponta que a atuação parlamentar do filho do presidente é desprezível naquela Casa de Leis. Não discursa, não apresenta projetos, não se envolve com os interesses da cidade. É vereador por interesse do pai, nada além disso. Fica claro que Carlos prefere Brasília do que o Rio de Janeiro.
Por ser envolver em diversas polêmicas, dentre elas a queda do então ministro Gustavo Bebbiano, Carlos Bolsonaro havia se afastado do Palácio do Planalto. Inclusive a ala militar do governo havia pedido tal distanciamento do vereador de Brasília. E assim foi feito, Carlos ficou por semanas a distância do Planalto Central brasileiro.
Mas agora está de volta. E, por tabela, deslocou o vice. Carlos claramente está tocando a agenda do pai, e ainda reuniu com a Comunicação do governo, que teceu diversas críticas.
Sua ação em Brasília foi duramente criticada nas redes sociais. Não que ele não possa ser um articulador do governo ou pessoalmente de seu pai, mas deveria – o que seria o mais correto – renunciar ao seu mandato. Como ter mandato de vereador no Rio de Janeiro e ser ao mesmo tempo um articulador político presencial, em Brasília? Isso se ter cargo no Governo Federal?
Conforme escrevi em outro artigo, os limites institucionais estão esquizofrênicos em Brasília. Não há limites aos mesmos. A prole Bolsonaro a rompeu. Carlos, o rei, está de volta ao Palácio do Planalto.