Cavalo de Troia na CPI?

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Para quem diz que a CPI da Pandemia é o novo BBB, ontem, 02, digamos poderia ser classificado como dia de “paredão”, com todas as emoções e reviravoltas possíveis. O cabo da Polícia Militar de Minas Gerais e representante comercial Luiz Paulo Dominguetti, confirmou em depoimento a acusação de que o ex-diretor do Ministério da Saúde, Roberto Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose numa negociação de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.

O negócio seria feito através da empresa americana Davati Medical Suply, da qual Dominguetti diz ser representante INFORMAL. Ele reafirmou que a proposta de propina foi feita num jantar na presença do coronel da reserva do Exército, Marcelo Blanco, segundo na hierarquia do Ministério, e de uma terceira pessoa, depois identificada como o também coronel Alexandre Martinelli.

A confusão começou quando Dominguetti apresentou uma gravação onde o deputado Luis Miranda (DEM-DF) negociava com o representante de fato da Davati, Cristiano Alberto Carvalho, uma compra, segundo o PM, também de vacinas. Miranda e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Roberto Miranda, afirmam ter levado ao presidente Jair Bolsonaro denúncias de irregularidades na importação da vacina indiana Covaxin. Carvalho entrou em contato com a CPI e desmentiu Dominguetti, e o próprio Miranda apareceu na comissão para dizer que a negociação, feita no ano passado, era de luvas. O celular do depoente foi apreendido para perícia, e senadores chegaram a pedir sua prisão, o que foi negado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

Para o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Dominguetti pode ter sido “plantado” com a finalidade de desviar a atenção da CPI das irregularidades na Covaxin e desacreditar as denúncias dos irmãos Miranda. A expressão para isso é Cavalo de Troia, o falso presente que os gregos deixaram para os troianos cheio de inimigos dentro.

Alvo das acusações do PM/vendedor, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias negou que tivesse pedido propina, embora confirme o encontro com Dominguetti num restaurante em Brasília. Já o coronel Alexandre Martinelli, identificado ontem pelo PM a partir de uma foto, nega que tenha participado do jantar e fala em ir à Justiça por conta da exposição de sua imagem na CPI.

Enquanto isso, mais de 520 mil vidas foram perdidas até aqui para o vírus. Fica mais do que claro que se montou um amplo esquema de propinas no Ministério da Saúde com a finalidade de desviar um bilhão de reais (em soma de contratos: Covaxin, AstraZenica). O tal negacionismo tornou-se negocionismo (Leia Aqui).

Outro ponto que parece cada vez mais irrefutável é a participação – mesmo indireta – do presidente Jair Bolsonaro, o que pode até aqui ser tipificado como crime de prevaricação. A ver.

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