A China está reduzindo sua dependência do minério de ferro importado, afirmou nesta terça-feira a associação de Ferro e Aço (Cisa) do país. Segundo o vice-presidente da entidade, Luo Bingsheng, o ferro importado respondeu por 60% do total do ferro consumido no país em 2010, caindo 10% em relação ao nível registrado em 2009, de 70%. É a primeira vez que o índice caiu, e a queda pode ser ainda maior, já que as importações chinesas de ferro caíram 2,2% entre janeiro e outubro deste ano.
A adoção de um novo sistema de precificação, trimestral, por parte das três grandes (Vale, BHP e Rio Tinto) e os preços em alta são as principais razões que justificam a queda nas importações, mas a produção doméstica também cresceu. A China produziu 870,94 milhões de toneladas de ferro entre janeiro e outubro deste ano, alta de 24,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
A China prometeu reduzir sua dependência de terceiros para obter minério de ferro em um plano de cinco anos para a indústria do aço, em meio à alta dos preços da matéria-prima e de uma disputa comercial crescente com a Austrália, o principal fornecedor.
Até 2025, o maior setor de aço do mundo deve obter pelo menos 45% dos insumos de ferro de fontes controladas pela China, disse o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação em documento de políticas preliminar. A proposta prevê um maior papel para minas de propriedade da China no exterior, cooperação com fornecedores não dominantes, bem como maior consumo de sucata de aço, uma alternativa ao minério de ferro extraído.
A proposta segue uma série de comentários de autoridades do setor de aço da China sobre a forte dependência de fontes externas de minério de ferro, especialmente porque os preços à vista chegaram a ultrapassar os maiores níveis em nove anos em dezembro. A China produz bem mais da metade do aço mundial, e cerca de 70% de suas importações de minério de ferro têm origem em apenas dois países: Austrália e Brasil.
Como os preços do minério de ferro dispararam no ano passado, mineradoras como as australianas BHP, Rio Tinto e Fortescue Metals se beneficiaram, sendo que as ações desta última mais do que dobraram de preço em 2020. Até mesmo a ação da Vale – cujos problemas de fornecimento ajudaram a impulsionar os preços nos últimos anos – subiu quase 60% no segundo semestre de 2020.
As importações de minério de ferro pela China caíram 4,2% em outubro, registrando um segundo mês consecutivo de queda, mostraram dados alfandegários neste domingo, uma vez que a produção de aço restringe a demanda pela matéria-prima.
O maior consumidor mundial de minério de ferro importou 91,61 milhões de toneladas do produto no mês passado, ante 95,61 milhões em setembro, mostraram dados da Administração Geral das Alfândegas. O número também representa uma queda de 14,2% em relação a outubro de 2020, depois que o governo apertou os controles ambientais e a demanda por produtos siderúrgicos enfraqueceu.
A China planeja criar um conglomerado de gigantes da mineração de minério de ferro para, em dez anos, produzir metade ou mais do minério de ferro consumido no país, de modo a reduzir a dependência da indústria siderúrgica em materiais importados.
O governo quer criar um grande grupo que será liderado pela Ansteel Mining, uma mineradora estatal que já é a maior produtora de minério de ferro da China. O novo grupo terá de seis a oito mineradoras e irá produzir mais de 200 milhões de toneladas por ano.
Tal decisão chinesa afeta diretamente as futuras relações comerciais do citado país com a mineradora Vale (segundo balanços da própria empresa, o mercado chinês adquire 60% de toda a produção de minério de ferro) e, por tabela, as receitas da Prefeitura de Parauapebas.
Fonte: Infomoney (Adaptado pelo Blog do Branco).