Hoje, 16, completa uma semana que o médico cardiologista Marcelo Queiroga foi anunciado como o novo ministro da Saúde, substituindo Eduardo Pazuello. A citada pasta voltaria a ser gerenciada por um civil, pois estava de saída a farda militar e entrando em ação novamente o jaleco.
A questão é que, na prática, a troca não ocorreu. Pazuello até o momento não foi exonerado e nem Queiroga foi empossado. Há “impedimentos” de ambos os lados. O militar precisa encontrar refúgio em outra pasta (que deverá ser criada, até mesmo uma secretaria com status de ministério) para se abrigar. Isso para manter o seu foro privilegiado, já que contra ele há inquéritos, lhe atribuindo o caos que ocorreu em Manaus, no mês passado. Já Queiroga não assume (além do que foi exposto sobre a situação de Pazuello) porque há impedimentos em relação a sua atuação no setor de saúde privado.
De toda forma, inegavelmente, o Brasil vive o seu pior momento na pandemia, com sucessivos recordes de infectados e mortes. A chamada “segunda onda” veio bem mais intensa do que a primeira, e para piorar com novas variantes do vírus, muito mais mortais. O colapso dos sistemas públicos de saúde de estados e municípios é uma realidade.
A situação de Pazuello era insustentável. A sua incapacidade em lidar com a pandemia, fez desabar os índices de popularidade do presidente Jair Bolsonaro, e isso é, sem dúvida, um item que o mandatário nacional usa para nortear suas decisões. Queiroga não estava entre as opções principais de Bolsonaro. Foi escolhido após algumas tentativas fracassarem. Horas após ser anunciado, o cardiologista já seguia as orientações de seu chefe, ao afirmar que os procedimentos (tratamentos precoces) através de medicamentos precisam ser melhores estudados, mas não negou o seu uso, e nem defendeu a aplicação de medidas altamente restritivas, como por exemplo, lockdown.
Enquanto o Palácio do Planalto tenta “acertar” a saída de Pazuello e a chegada de Queiroga, continuamos a manter a média móvel acima de dois mil óbitos por Covid-19. Nos últimos sete dias, de cada quatro mortes pela citada doença no mundo, uma foi no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMC) nos coloca em risco eminente para o mundo. Já somos o segundo em rejeição de turistas no mundo, segundo pesquisa do jornal Valor Econômico.
O negacionismo do governo brasileiro e péssima atuação na pandemia, espantam os países lá fora. O Brasil tornou-se um risco mundial. Tal postura espanta visitantes, afasta investimentos e afeta inclusive as exportações brasileiras.
Levante do Setor Econômico
Carta assinada por centenas de banqueiros e economistas e foi entregue nesta segunda-feira, 22, ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Nela, o grupo pede ações mais efetivas no combate à pandemia de Covid-19. Entre os responsáveis pelo texto, estão Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles, co-presidentes do conselho de administração do Itaú Unibanco; Edmar Bacha, um dos idealizadores do Plano Real; Sandra Rios, diretora no Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes); Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado; entre outros.
O objetivo é claro: cobrar do governo ações que possam mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus no Brasil, em especial na economia brasileira. Sem avanço no combate, com o processo de imunização lento, com aumento dos casos de infectados e mortos, ocasionando o aumento das medidas restritivas, a economia sofre com o “abre e fecha” do comércio. Tal cenário calamitoso da pandemia no Brasil – como já dito – afasta investimentos e afugenta compradores.
Neste momento temos dois ministros da Saúde: um nomeado e outro atuando sem nomeação, mas que isso em nada influencia na melhora do quadro pandêmico brasileiro. A chegada de Queiroga dificilmente mudará as diretrizes e forma de atuação do MS. Quem é a mais de um ano o verdadeiro ministro, atende pelo nome de Jair Bolsonaro.