Ontem, 14, a comitiva presidencial desembarcou por volta das 16:00h no Aeroporto de Carajás. Lula e sua comitiva, que incluiu o governador do Pará, Helder Barbalho, não foi recebida ao pisar em solo parauapebense pelo prefeito Aurélio Goiano, como seria de praxe, por ser a maior autoridade do município. Primeiro erro, pois independente de partido ou ideologia, o “protocolo” político recomenda tal postura.
Vestido ao seu estilo “cowboy”, roupa apertada, chapéu e bota, o prefeito de Parauapebas chegou ao evento, acompanhado de sua esposa, Beatriz Ramos, secretária da Mulher. Em relação à vestimenta do mandatário, não se pode tecer crítica, pois é estilo, e cada um tem o seu. Mas se apresentar de tal forma faz parte da estratégia de mostra ligação com o agronegócio e distanciamento em relação à cúpula petista. Em termos eleitorais, ponto para o prefeito.
Ao iniciar o rito da cerimônia, Goiano cumprimentou as autoridades que estavam sentadas na primeira fileira, que foi dispensada pelo mesmo – novamente – seguindo estratégia política de ser oposição, o que também é mais um acerto sob o ponto de vista eleitoral do prefeito. Não ter cumprimentado o deputado federal Keniston Braga, quando este lhe deu a mão, também foi outra estratégia política. Não é recomendado e nem educado, mas Aurélio preferiu seguir a estratégia. Sabe que precisa manter viva a rivalidade com o grupo do ex-prefeito Darci Lermen, para não permitir surpresas à frente.
Se manteve distante da cúpula do governo federal durante a solenidade. Sentou no canto da última fileira. Recebeu uma única menção durante o discursos das autoridades, foi de Helder Barbalho o agradecimento que arrancou euforia do público. Tal manifestação deixou claro ao presidente e aos convidados o quanto Aurélio Goiano é popular na capital do minério.
No meio da transmissão o seu telefone tocou. Não se sabe quem era do outro lado, mas após encerrar a ligação, o prefeito coincidentemente passou a fazer “caras e bocas” ao público. Na fala do presidente Lula, Aurélio Goiano demonstrou em alguns momentos discordância e demonstrou isso da forma mais teatral possível. Outra estratégia bem sucedida pelo mandatário parauapebense, que ao apresentar tais posturas acena ao seu público e mantém distância de outros grupos políticos. Não é uma atitude republicana, mas é exitosa do ponto de vista político-eleitoral.
Aurélio Ramos de Oliveira Neto é diferente do Aurélio “Goiano”. Disse pessoalmente isso ao mesmo, que escutou calado sem questionar. O Ramos criou o personagem “Goiano”, que deu certo (muito com a ajuda da desastrosa gestão do ex-prefeito Darci Lermen). Foi através desta “roupagem” que ele cresceu vertiginosamente na política, culminando em uma votação histórica que atingiu 92 mil votos.
Agora que deixou o papel de “pedra” e passou a ser “vidraça”. Resta acompanhar a nova gestão para saber se a mesma será diferente, irá cumprir as promessas de campanha e se, de fato, irá transformar Parauapebas.
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