Todo governo tem o que chamamos de “coringa”, ou seja, um agente que por habilidade casual ou até mesmo grande experiência se destaca frente aos colegas. Após um ano da terceira passagem de Lula pela Presidência da República, temos alguém com esse perfil. Ele atende pelo nome de Ricardo Capelli, atualmente ocupa o cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (não se sabe até quando). Poderá continuar onde está, ou ascender na estrutura funcional da própria pasta, passando a ser ministro.
Mas quem é Capelli? Por que chegou a essa condição de destaque? Para responder isso, precisamos fazer um levantamento cronológico dos fatos. A sua relação intrínseca com o seu chefe direto, o senador e agora ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, é grande. A relação é de total confiança entre ambos. Todavia, a passagem de nosso personagem principal deste artigo, começa antes de sua chegada ao governo do Maranhão.
No governo Dilma Rousseff (PT), Cappelli trabalhou como secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Ainda esteve em cargos de confiança no governo do Rio de Janeiro e foi secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Social em Nova Iguaçu (RJ). Depois disso, desembarcou na capital maranhense. Na primeira gestão de Dino, o citado chefiou o gabinete de representação do Maranhão na capital federal. Na segunda gestão, tornou-se secretário de comunicação do governo. Capelli é jornalista de formação, além de curso de gestão pública.
Quando Dino foi nomeado ministro, Capelli tornou-se o “número 2” da pasta. Até então, poderia passar despercebido por compor o segundo escalão do governo, mas os ataques golpistas do 8 de janeiro foram o seu “trampolim” político. Sua atuação como um agente organizador de tropas de contenção, primeiramente, na quadra da sede do ministério, depois como interventor federal (sugerido por Dino e com aceite de Lula) o credenciaram para “voos” mais altos. Na sequência, assumiu interinamente o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.
Com a saída de Dino do ministério para assumir vaga na Suprema Corte, há grande possibilidade (até por ação de bastidor do ainda senador maranhense) de que Capelli assuma a sua cadeira no ministério. Porém, há também a possibilidade da vaga ser ocupada pelo ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, favorito a vaga, segundo fontes palacianas.
A favor de Capelli está a indicação de Dino e o excelente retrospecto do mesmo nas funções a que lhe foram delegadas. Seu perfil é mais, digamos, firme, com postura para o enfrentamento, por exemplo, do crime organizado, o maior desafio da pasta.
Todo governo tem o seu “coringa”, que surge por experiência ou, como foi o caso, de competência oportuna. Pulso para gerenciar situações de crise, Capelli já demonstrou ter.
Imagem: Portal G1.