O cenário desolador de desnutrição, especialmente entre crianças, que atinge os Yanomamis, em Roraima, que acabou motivando a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para Boa Vista, no último sábado, 21, gerando grande comoção nacional, foi determinante para que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) anunciasse em suas redes sociais no último domingo, a criação de uma pasta que atenda os indígenas que estão em solo paraense.
Escreveu o mandatário em seu Twitter: “Toda a minha solidariedade ao povo Yanomami, em Roraima, que está vivendo uma grave crise humanitária. Pensando na melhor forma de atender às demandas indígenas, vamos criar a Secretaria de Povos Originários do Pará que terá, de forma inédita, um titular indígena”.
Dados desatualizados (2016) da Federação dos Povos Indígenas do Pará – FEPIPA, apontaram que o estado do Pará apresenta uma das maiores diversidades étnicas do país, existem mais de 55 etnias, aproximadamente 60 mil indígenas, falantes de três dezenas de idiomas dos troncos linguísticos. Os povos indígenas ocupam mais de 25% (vinte e cinco por cento) do território paraense e estão distribuídos em torno de 77 terras indígenas, em 52 municípios.
Eles vivem atualmente em diferentes contextos: a) comunidades e povos indígenas vivendo nas 52 cidades, inclusive na capital Belém, e não recebem nenhum benefício social do Estado como indígenas; b) povos e comunidades vivendo nas áreas próximas as cidades, seus territórios, quando ainda os possuem, estão cercados por fazenda e colonos, perdendo a diversidade de produtos e dificilmente conseguem conjugar atividades básicas de agricultura e coleta; c) povos e comunidades com seus territórios afastados dos centros urbanos seguem articulando a agricultura, coleta e outras atividades com base no uso sustentável dos recursos naturais. Esses povos, atualmente, enfrentam os grandes interesses de madeireiros, mineradores, hidrelétricas e outros grandes empreendimentos; d) povos e comunidades não contatados (autônomos ou em isolamento voluntário), que deveriam ser protegidos através das garantias do acesso e conservação dos recursos naturais, dos quais dependem suas vidas.
Cada povo ou comunidade indígena do Pará têm suas organizações próprias, sua forma de viver e de decidir sobre ela, seja através de organizações de representações jurídicas ou não, as mais comuns de organizações estão nos modelos de associações comunitárias, associações de produtores, grupos, cooperativas, conselhos e outras formas de organização indígenas, tradicionais e não tradicionais.
Parabéns ao governador Helder Barbalho pela iniciativa.
Imagem: Agência Pará.