Incessante rapinagem pelo poder

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A pujança econômica, aliada a um novo modelo de gerenciamento da máquina pública, tornaram Parauapebas um dos municípios mais prósperos do país. Dados do IBGE referentes a geração de emprego e renda, reafirmam que a chamada “capital do minério” vive um momento áureo em sua história, que o presente transformador proporcionará em um futuro bem próximo, uma cidade que garanta qualidade de vida aos seus habitantes.

Todavia, esse cenário econômico desenvolvimentista e de futuro altamente promissor, está ameaçado pelos que querem o poder a todo custo, que tentam fora dos limites legais e democráticos, chefiar o Executivo municipal, criando de forma irresponsável, instabilidade política.

Vamos relembrar…

No dia 15 de outubro de 2020, o então candidato a prefeito, Júlio Cesar (PRTB) em companhia de mais três pessoas, cumpria agenda de campanha na Vila Carimã, na zona rural, distante 40 km da sede do município. O citado foi atingido com um tiro no peito que atravessou o seu corpo, saindo pelas costas. O caso tomou repercussão nacional, e a partir deste momento, iniciava um plano para vencer as eleições daquele ano, através da produção de um atentado falso. O objetivo era manter a narrativa de atentado político, pois ela fazia claramente parte de uma estratégia eleitoral.

Devido a algumas contradições narradas, crescia a percepção de que o caso poderia ter sido armado. A cúpula da Polícia Civil foi destacada da capital, assim com os melhores peritos para elucidar o caso. Três semanas de investigações produziram: reconstituição do fato, laudos e provas. Todo o material levantado foi verificado pelos Instituto de Perícia Criminal em conjunto e Universidade Federal do Pará (UFPA), que produziram um laudo conclusivo que se comprova cientificamente que versões e depoimentos narrados pelas testemunhas, não condiziam com a realidade.

Com o laudo técnico-científico provando a falsidade de informações dos envolvidos, foi aberto inquérito policial e os quatro serão novamente ouvidos pela Polícia. Caso o inquérito confirme a farsa, Júlio César responderá por denunciação caluniosa (falso testemunho) e o Estado ainda poderá requerer ressarcimento e indenização já que houve gasto de dinheiro público com a perícia, por exemplo, no deslocamento de servidores.

E a manobra para tomar o poder a todo custo não parou por aí…

No dia 06 de maio do ano corrente, ocorreu uma ação digna de golpe institucional, com intuito de destituir do cargo o prefeito Darci Lermen (MDB), e empossar como prefeito o segundo colocado na eleição de 2020, Júlio César (PRTB). Tal manobra era sustentada por uma suposta decisão de afastamento (liminar que nem se enquadra dentro do Direito Eleitoral) da desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, atual presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA). Causou, à época, certo estranhamento, a falta de um posicionamento oficial da Corte citada, que ao ser provocada, justificou a postura indiferente como forma de não fomentar publicidade ao fato. O caso (falsificação de assinatura) é enquadrado como crime federal.

Tal decisão falsa de afastamento foi divulgada em todos as redes sociais, provocando por seus falsificadores grande rebuliço, com promoção até de carreata em comemoração ao fato e o absurdo de iniciar tratativas para a montagem do “novo governo”. O passo seguinte dentro da tramoia foi feito pelo vereador Aurélio Goiano (PSD), que marcou reunião entre ele e o presidente da Câmara de Parauapebas, Ivanaldo Braz (PDT), encontro este que teria a participação do então “novo” prefeito Júlio Cesar (PRTB), para dar posse ao segundo colocado, o que foi negado pelo chefe do Poder Legislativo.

A juíza Eleitoral da 106ª Zona Eleitoral, Priscila Mamede Mousinho considerou o processo como sendo sentença de caráter desconstitutivo, e milita a presunção de legalidade em favor do ato já praticado: a expedição do diploma. Desta forma, a magistrada decidiu pelo indeferimento do pedido de afastamento liminar dos representados; já que, em sua narrativa, a ação de representação prevista no art. 30-A da Lei n. 9504/97 não prevê a hipótese de afastamento liminar do gestor público, ao contrário da lei de ação de improbidade administrativa. Sendo assim, a manobra jurídica que não passa de uma fraude, em que os envolvidos deverão responder criminalmente por seus atos, foi contido. O portfólio de ilegalidades inclui atentado fake e falsificação de assinatura de presidente de uma Corte. Qual outra ilegalidade essa turma será capaz de promover em nome do desejo de poder?

Risco exógeno

Vale lembrar que, enquanto transcorria a campanha eleitoral de 2020, em Parauapebas, o então vice-presidente do PRTB parauapebense, Gilson Fernandes, afirmou que existia um plano – costurado em Brasília – entre os deputados federais Otoni de Paula (PSC-RJ) e Éder Mauro (PSD-PA), que incluía o então candidato a prefeito em Parauapebas, Júlio César (PRTB).

Segundo Fernandes, o objetivo traçado em um dos quadrantes do plano piloto da Capital Federal, consistia em ter três candidaturas a prefeito, usando a imagem e influência do presidente Jair Bolsonaro. Otoni pelo Rio de Janeiro, Mauro por Belém e César por Parauapebas. Na sequência, com o desenrolar dos fatos políticos, o plano deu errado em parte, pois os dois parlamentares não conseguiram se viabilizar como candidatos. Restou, por tanto, Júlio César.

Tal narrativa apresentada em um programa local de entrevista, faz sentido quando se analisou alguns fatos. Exatamente os dois parlamentares citados por Fernandes, são os que estavam na articulação política do processo que envolveu o caso (atentado Fake). Foram eles que deram vazão aos “quatro cantos” a narrativa de atentado político.

Novo Capítulo

Na manhã desta sexta-feira, 20, mais um capítulo desta história aconteceu. A data é referente a uma audiência marcada que aconteceria no gabinete da 106ª Zona Eleitoral de Parauapebas. Enquanto a turma de Júlio César estava na expectativa da cassação da chapa Darci/João do Verdurão, o caso teve uma reviravolta. A juíza titular da 106ª ZE, tornou público a perícia realizada pelo Núcleo de Análise da Polícia Federal em Marabá no Smartphone de Marcelo Nascimento Beliche, peça-chave no processo. Marques repassou a Beliche por diversas vezes recursos financeiros. O que deixa claro o interesse que o empresário tinha na delação.

A audiência foi remarcada e acontecerá no próximo dia 31. A mentira mostra que não vale tudo para ganhar uma eleição, muito menos forjar crimes. Que os responsáveis por esses atos deploráveis, sejam punidos. Eleição se ganha no voto e não promovendo jogo sujo.

Imagem: Blog do Zé Dudu.

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