Jatene “bateu o martelo”?!

A política paraense vive em estado de ebulição desde a última sexta-feira à noite (24). Na referida data o governador Simão Jatene (PSDB) estava em Santarém, por ocasião da assinatura da ordem de serviço de obras naquele município. Diferente do que normalmente costuma fazer, o governador tucano em seu discurso fez duras críticas aos seus adversários e, de forma indireta, atacou os Barbalho.

Após o seu discurso, Jatene foi abordado pelo jornalista Miguel Oliveira, editor do Portal OESTADONET, que de forma casual, informal, deferiu diversas perguntas ao atual mandatário estadual paraense. Em sua “metralhadora verbal”, Miguel, foi direto e perguntou ao governador quem ele apoiaria ao governo? A resposta foi seca e direta: “Márcio Miranda”, disse o líder tucano. A réplica vai de encontro ao que manda o “receituário político” de definir em cima da hora, no prazo limite. Por que definir sete meses e meio antes do prazo? Ou tudo isso seria um “balão de ensaio” falso? Apenas para criar reboliço e mexer as peças do tabuleiro político paraense? A questão que muitos nomes aparecem como opção a Simão, mas apenas uma tem real chance de manter o atual grupo político no poder, mesmo que não seja genuinamente tucano a escolha.

Em diversas ocasiões aqui no blog e em minhas colunas (escritas no Portal Canaã e em formato de vídeo no Portal F5) abordei a referida questão. O nome do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Pará, Márcio Miranda (DEM) sempre esteve em meus textos como o mais cotado. Primeiro porque não é correligionário direto do governador, passa à margem da péssima avaliação que o PSDB enfrenta no Pará, com claro desgaste da imagem do partido e sua forma de gestão. Segundo, porque Miranda tornou-se uma referência em liderança política, sendo reconhecido como um grande articulador e mediador de interesses. Não, por acaso, já segue no terceiro mandato à frente do parlamento estadual. Além de não ter rejeição, pois nunca foi testado ao Executivo. Seria o “novo” para o já velho e cansado modelo de gestão tucana no Pará.

Em 2014, foi o deputado estadual mais votado no Estado, conseguindo mais de 82 mil votos, uma votação expressiva que lhe permitiria inclusive uma vaga na Câmara Federal. Esse crescimento é fruto de trabalho parlamentar reconhecido. O primeiro mandato em 2002 veio com 23.996 votos. Em 2006, foi reeleito, com 60.390 votos, sendo o mais votado nas cidades do interior – recebeu votos em 134 municípios. Já em 2010, sua popularidade cresceu, conseguindo mais de 67.530 votos, obtendo a preferência na maioria das localidades interioranas e ocupando a segunda colocação geral entre os eleitos.

O que vale o registro é que a escolha (mesmo em caráter informal, sem divulgação nos meios de comunicação oficial), Jatene sabe que irá provocar diversos conflitos no ninho tucano. Miranda apesar de ser aliado, de confiança, não é peessedebista. Em ressonância com a notícia, o prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro (PSDB), já criticou a decisão e afirmou que irá requerer o direito de ser candidato pelo PSDB ao governo estadual.

Ainda sobre o processo dialético de Jatene em Santarém, o governador afirmou ainda que não há a possibilidade alguma de seu vice, Zequinha Marinho (PSC), assumir o seu lugar. A questão foi abordada recentemente neste blog, ocasião que afirmei que a relação entre ambos é pior a cada dia e que Simão não confia em Marinho e não deverá fechar nenhum acordo com o seu vice. Sendo assim, Jatene, terá que ficar (por vontade ou forçado no cargo que ocupa) sem se desincompatibilizar como se esperava.

A relação entre os dois já dava sinais nos últimos dias de ter praticamente rompido. Marinho esteve em diversas cerimônias políticas ao lado do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB) arqui-inimigo de Simão Jatene. Um sinal que poderá haver acordos entre ambos.

Para não fechar as especulações do processo sucessório, Jatene afirmou na entrevista informal ao jornalista Miguel Oliveira que precisa primeiro resolver os acordos de outras candidaturas para resolver o seu caso. Portanto, Flexa Ribeiro é o favorito para disputar à reeleição ao Senado, cabendo ainda definir a outra vaga pelo grupo político de Jatene.

Pioneiro já mandou recado, não abrirá mão da vaga, irá colocar o seu nome para disputar a indicação do PSDB ao Palácio dos Despachos. O prefeito do segundo município mais populoso do Pará, justifica o seu nome na disputa estadual contra Helder Barbalho, por ambos terem governado Ananindeua, o que tornaria a disputa um confronto de gestões. Pelo visto, Simão ainda terá muitas questões a resolver: a sua e de seus correligionários tucanos. Enquanto a Márcio Miranda, não há dúvida que se configura como a melhor opção.  

Henrique Branco

Formado em Geografia, professor das redes de ensino particular e pública de Parauapebas, pós-graduado em Geografia da Amazônia e Assessoria de Comunicação. Autor de artigos e colunas em diversos jornais e sites.

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