Jatene fez discurso de despedida e de candidato

Anteontem (06), na abertura dos trabalhos legislativos na Alepa, o governador Simão Jatene como representante do poder Executivo, fez o costumeiro pronunciamento aos deputados estaduais e autoridades presentes. Por duas horas o governador fez um balanço das ações de sua gestão. O clima na Casa de Leis não era dos melhores. Desta vez, a pressão e críticas ao governador foram maiores, deixando em alguns momentos tensão no ar.

Após o discurso do governador, seguindo o regimento interno, o presidente Márcio Miranda concedeu às bancadas de situação e de oposição, dez minutos para cada lado expor as suas colocações. Como esperado, pelo lado oposicionista, duras críticas foram direcionadas ao governador. O caos na segurança pública foi o alvo central. Outras falas cobraram a manutenção do contingenciamento das emendas parlamentares, e a falta de ação mais efetiva por parte do governo do Pará na manutenção e ampliação de serviços a população.

Coube ao líder do governo na Casa, Eliel Faustino, (DEM) contrapor ao discurso da oposição e defender as ações e decisões tomadas por Jatene. Em seguida, Simão fez um discurso sereno, justificando-se de algumas decisões tomadas, sobretudo, as que se referem à desaceleração de obras e a falta de reajuste dos servidores estaduais. Para equilibrar o esperado nível de crítica, Jatene discursou seguindo o rito cronológico desde a sua primeira gestão, em 2003, dando exemplo de como assumiu o governo e o que já fez até hoje. Jatene esqueceu ao citar o cenário de precariedade que encontrou o governo, que as duas gestões anteriores a sua, eram do PSDB, nas gestões de Almir Gabriel, com Jatene sendo o seu assessor direto na condição de secretário de Estado.

Com o discurso caminhando para o fim, Jatene se despediu em tom emocionado, relatando a sua história de vida, de filho de imigrante, morando no interior, ser o único a governar o Pará por três mandatos. Como se estivesse em um comício, em plana campanha, o governador usou bem as técnicas de oratória, verbalizando frases de efeitos, subindo o tom em algumas palavras, provocando manifestações de quem o assistia. Nas entrelinhas deixou o recado que está se despedindo do governo, e sairá candidato em outubro.

Apesar de ter sido montado uma tropa de pessoas para defender o governo, para tentar abafar as volumosas críticas, mesmo assim elas não passaram despercebidas, pelo contrário, foram divulgadas até pelos veículos de comunicação favoráveis ao governo.

Próximo ao governador, no centro da mesa, como presidente da Casa, Márcio Miranda assistia tudo, tendo a noção de como Jatene poderá lhe entregar o governo em abril, ou não, mas, de qualquer forma, terá que defender o legado deixado pela dinastia tucana de duas décadas.

A área escolhida por Jatene para ser a vitrine de suas gestões foi a Saúde. Em contrapartida, educação e especialmente a segurança pública estão sendo e serão os seus maiores problemas. Simão sabe que pelo tempo que passou a frente do Poder Executivo, além de ser somado ao período das duas gestões de Almir Gabriel, o PSDB deveria ter feito muito mais pelo Pará. No período da dinastia tucana, o estado continua ostentando os piores índices sociais e as duas décadas de gestões tucanas parecem não terem sido suficientes para mudar o perverso modelo de desenvolvimento econômico imposto ao Pará, e que seus governantes parecem aceitar passivamente tal condição.

Jatene se despediu em seu pronunciamento. Resta saber se continuará no governo até abril, saindo candidato, ou ficará até o fim do mandato, encerrando a sua vida pública.Tudo dependerá de acordos…

Henrique Branco

Formado em Geografia, com diversas pós-graduações. Cursando Jornalismo.

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