O prefeito do terceiro maior orçamento público do país, a Prefeitura de São Paulo, João Dória começa a ver ruir a sua estratégia, seu plano pessoal. De empresário bem-sucedido dentro do Mundo Business a um gestor em flagrante queda de popularidade. Essa é a nova realidade de Dória, dez meses depois de iniciar a sua gestão.
O governador Geraldo Alckmin foi quem sacramentou João Dória no PSDB e – contra muitos tucanos de alta plumagem – bancou o seu nome, sendo decisivo nas prévias para a indicação do empresário. O plano comum seria o seguinte: Dória ficaria pouco mais de um ano no cargo de mandatário municipal, em seguida seria candidato ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, apoiando Alckmin ao Palácio do Planalto. De quebra, o seu vice, Bruno Covas, neto de Mário, um dos fundadores do partido e ex-governador de São Paulo, assumiria a PMSP.
Dória tem outra estratégia. Quer pular etapas. Aproveitando a sua popularidade que até então estava na estratosfera, vencendo a mais rica prefeitura do país no primeiro turno. Com perfil de gestor, não político, poderia, por que não, ser o candidato tucano ao Palácio do Planalto? Nem que, para isso, tivesse que romper com o seu padrinho político, Geraldo Alckmin. Ambos já não dividem a mesma mesa. A relação está estremecida.
Alckmin percebeu tarde a estratégia de Dória. Agora, possivelmente, com Aécio Neves “morto” politicamente, a decisão de quem disputará pelo PSDB a eleição presidencial, voltará ao controle paulista, com a possível prévia entre os dois.
O grande erro de João Dória está exatamente em algo que poderia ser a sua vitrine: a gestão da capital paulista. Em dez meses, a sua popularidade cai a cada pesquisa. Inversamente proporcional a isso é a subida gradativa do seu índice de rejeição. As promessas de campanha, sobretudo, as relacionadas ao “choque de gestão”, com atendimento e prestação de serviços com padrões de qualidade nunca visto na capital paulista não se tornaram realidade. Há uma diferença clara entre a teoria e a prática, entre o virtual e o real.
Pesquisa Datafolha aponta que sua aprovação desabou e 55% dos eleitores paulistanos já dizem que não votariam nele para presidente; sua aprovação caiu quase dez pontos, o índice de ruim e péssimo disparou e os motivos apontados são a campanha presidencial antecipada e as viagens inúteis pelo país, que não trazem benefício algum para a cidade; na prática, os resultados comprovam as críticas de Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, que disse que São Paulo não tem prefeito, mas um político que tenta se viabilizar candidato a presidente. Ou seja, novamente, a PMSP tornando-se meramente um trampolim político. Foi assim com Serra e deverá ser com Dória.
Portanto, por um erro primário, a gana pelo poder, o descumprimento de acordos, estão levando o então “promissor” gestor, João Dória à derrocada, antes da hora. Enquanto isso, Dória continua viajando o país, governando a maior metrópole da América Latina de seu Iphone. Sua derrocada é pior para os paulistanos, melhor para o Brasil.