Lula recebe presidência do G20 em encontro sem China e Rússia

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou no último final de semana (9 e 10) da reunião do G20 em Nova Deli, na Índia, onde ocorreu a cerimônia de transferência da presidência do grupo da Índia para o Brasil. O encontro também contou com a divulgação de uma declaração conjunta assinada pela cúpula.

O evento foi dominado pelo Ocidente e seus aliados. O presidente chinês, Xi Jinping, não compareceu à reunião, enviando o primeiro-ministro Li Qiang; enquanto o líder russo, Vladimir Putin, também estará ausente. O mandato brasileiro na presidência do G20 inicia-se oficialmente em 1º de dezembro de 2023 e segue até 30 de novembro de 2024. Em documento divulgado pelo Governo Federal, foram listados as seguintes linhas basilares para a liderança brasileira:

• Inclusão social e combate à fome, à pobreza e à desigualdade
• Promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental
• Promoção de efetiva reforma das instituições de governança global, que reflita a geopolítica do presente

O presidente Lula deve ainda se encontrar com a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, durante a viagem, além de discutir com a Índia um acordo envolvendo etanol e a luta contra a desigualdade.

Grupo busca fechar posição sobre geopolítica

Considerado o encontro mais importante do G20 no ano, a reunião da cúpula reúne diversos chefes de Estado e é encerrada por um documento assinado por todos os integrantes. A Índia quer que o comunicado final contemple os pontos de vista da Rússia e da China, que têm bloqueado os esforços das nações ocidentais para incluir uma forte condenação da guerra da Rússia na Ucrânia, disseram autoridades indianas à Reuters nesta semana. Segundo a Bloomberg, fontes familiarizadas com o rascunho do comunicado final informaram que quase todo o documento está acordado, exceto pela seção que trata de geopolítica, referindo-se principalmente ao conflito entre os dois países. Negociadores têm lutado há dias para chegar a um acordo sobre a linguagem a ser utilizada.

O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak acusou a China de bloquear os esforços para alcançar consenso, dizendo à Bloomberg News no avião rumo à Índia que as conversações que antecederam a cúpula foram “desafiadoras”. A mudança climática e a guerra deveriam dominar as discussões, disse ele.

Encaminhamentos econômicos

Em relação a economia, o comunicado do grupo deve incluir um alerta sobre “crises em cascata” que podem colocar em risco o crescimento econômico de longo prazo, e farão um apelo por políticas macroeconômicas coordenadas. Os líderes também planejam dizer que os bancos centrais do G20 continuam fortemente empenhados em alcançar a estabilidade de preços, acrescentando que os governos darão prioridade a medidas específicas para ajudar os mais pobres, mantendo ao mesmo tempo a sustentabilidade fiscal a médio prazo.

Outro aspecto a ser discutido deve ser a regulamentação do mercado de criptomoedas. Na última terça-feira (5), a ministra das Finanças da Índia, Nirmala Sitharaman, enfatizou a importância de coordenar esforços entre os membros do grupo para criar uma estrutura regulatória comum.

Sustentabilidade e compromissos ambientais

Há algum desacordo sobre a cooperação na questão das mudanças climáticas, acrescentaram fontes do governo indiano. O grupo está dividido quanto aos compromissos de redução progressiva da utilização de combustíveis fósseis, aumento das metas de energias renováveis ​​e redução das emissões de gases do efeito estufa. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse nesta sexta-feira (8) que os líderes do G20 têm o poder de barrar uma crise climática que está “saindo fora de controle” e pediu que reformulem as regras financeiras globais que ele descreveu como desatualizadas e injustas.

“Apresentei um Pacto de Solidariedade Climática – no qual os grandes emissores fazem esforços adicionais para reduzir as emissões; e os países mais ricos apoiam as economias emergentes para conseguir isso”, afirmou Guterres.

O plano pede que os países desenvolvidos zerem as emissões líquidas de carbono o mais próximo possível de 2040, e as economias emergentes o mais próximo possível de 2050, propondo uma eliminação progressiva do carvão até 2030 nos países da OCDE e 2040 em todos os outros.

Quem participou do encontro

Além do presidente Lula, outros chefes de estado comparecerão, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron, o premiê britânico Rishi Sunak, o príncipe herdeiro saudita Mohammed Bin Salman e o premiê japonês Fumio Kishida. O Grupo dos Vinte (G-20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por 19 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Türkiye, Reino Unido e Estados Unidos) e a União Europeia.

Com informações da Bloomberg e da Reuters (adaptado pelo Blog do Branco). 

Imagem: REUTERS.

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