O que vem se chamando de “Efeito Lula” é algo interessante sob o ponto de vista comportamental e político. Conforme tratado semana passada no Blog, a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin em resolver anular todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no âmbito da operação Lava Jato, vem acarretando muitas mudanças no tabuleiro político brasileiro.
Conforme tratado em outro artigo, com o petista elegível, o presidente Jair Bolsonaro mudou algumas narrativas que vinha mantendo. Primeiro, tratou de afirmar que a vacina é fundamental e que os brasileiros serão imunizados em massa. Esqueceu de recomendar o tratamento precoce, feito através de medicamentos sem eficácia comprovada cientificamente contra o Coronavírus, algo que sempre defendeu, e até empenhou milhões de reais na produção, por exemplo, da Cloroquina. Bolsonaro foi até pouco tempo, garoto propaganda da droga.
Depois, em cerimônia no Palácio do Planalto, o mandatário nacional juntamente com os seus principais ministros, usaram máscaras, algo até então dispensável pelo presidente, que até colocou em xeque se a proteção funciona. Agora, de forma surpreendente, Bolsonaro nega o que disse. Dois de seus cinco filhos (três com mandato): Flávio e Eduardo, antes contra, agora defendem a vacinação em massa. Qual a explicação da mudança repentina? Inegavelmente está associada ao que está se chamando de “fator Lula”.
Os negacionistas estão negando agora o seu negacionismo? Se sim, como no caso do presidente, então, o que defendiam era uma estratégia, que foi deixada de lado pelas circunstâncias atuais? Negacionismo nada mais é, então, do que uma opção momentânea, mantido em prol de interesses? Negacionismo mata. Quantas vidas poderiam terem sido salvas se fosse levado, de fato, a sério o processo de imunização de forma antecipada?
Assim sendo, a Terra volta a ser considerada esférica. A Ciência voltou a ser valorizada. Não iremos virar jacaré ao receber a vacina. A pandemia deixou de ser uma gripezinha. Podemos ter “mimimi” com a situação que vivemos. Quem possui físico de atleta também morrem pelo vírus. Agora temos um novo segmento: os negacionistas do negacionismo. Mais um capítulo de nossa distopia coletiva.