A imagem acima é bem emblemática para se compreender a postura e posicionamento do ainda prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (MDB). Seu apego ao poder, ao cargo de mandatário é evidente. Vive os últimos dias de seu quarto mandato. Sem dúvida, um feito que dificilmente será repetido. Porém, tal permanência na cadeira mais importante da capital do minério foi mantida através de abandonos de aliados, falta de apoio aos sucessores, além de eliminar qualquer concorrência interna, com claro objetivo de continuar sendo o único de seu grupo a concorrer ao Executivo.
Em 2012, José Couto, mais conhecido por “Coutinho”, depois de uma desgastante disputa interna permitida por Darci Lermen, foi o escolhido. Perdeu claramente por falta de apoio do então prefeito, que “lavou as mãos” na campanha e, claramente, permitiu a derrota. O revés nas urnas se tornaria uma vitória mais à frente, quando em 2016 o então ex-prefeito foi buscado na Bahia e retornou ao poder sabendo que, possivelmente, seria novamente reeleito e teria que definir o seu sucessor em 2024.
Muitos duvidavam que Darci repetiria a mesma postura e decisões de 2012, pois agora faria o sucessor para que pudesse concorrer em 2026 a uma cadeira na Câmara dos Deputados com o suporte de seu escolhido, que estaria no controle de uma poderosa máquina. Todavia, a segunda sucessão de Lermen mostrou que 2024 seria uma cópia de 2012. Os sinais estavam claros, e novamente o citado não queria eleger alguém de seu grupo político para, quem sabe, poder voltar ao poder, como fez da outra vez.
Depois de promover – assim como em 2012 – um autofagismo interno em seu grupo, deixando diversos aliados se digladiarem para ser o escolhido, pouco importando que esse embate pudesse provocar graves fissuras internas, Lermen à sua maneira foi permitindo, observando tudo de longe, à espera da definição que ele poderia ter evitado, mas sua indefinição tinha método.
Com o nome definido, neste caso o presidente da Câmara Municipal, Rafael Ribeiro, Darci implementava a segunda etapa: demonstrar falso apoio e deixar a campanha à sorte de acordos, assim como em 2012. Com uma rejeição nas alturas, provocada em parte pelo próprio de forma proposital (com objetivo de não fazer sucessor) a derrota era questão de tempo. O carisma de Rafael Ribeiro resistiu ao estrondoso nível de rejeição que lhe foi atribuído sem ser seu, mas que herdou por inércia ao ser o escolhido. Por isso, ainda teve votação expressiva com mais de 44 mil votos.
Como demonstrou há 12 anos, Darci Lermen prefere perder ao ver um aliado sentar em sua cadeira. Não entende, por exemplo, que o seu ciclo está sendo encerrado sem possibilidade de retorno. Sua desastrosa gestão levou Parauapebas ao caos, permitindo, por exemplo, que o maior representante da oposição se tornasse prefeito, mesmo sendo um personagem polêmico e que carrega também alta rejeição, mas que soube aproveitar a desordem gerencial para se colocar como o “salvador”.
Parauapebas cansou do modo de governo de Lermen, uma governança sem comando, que terceiriza a gestão para outro poder. Seus 16 anos de poder promoveram avanços na cidade, mas que foram “engolidos” pelo volume de desmandos que foram feitos, sobretudo, em sua quarta passagem, a pior de todas que nos levou a essa dura realidade que passamos.
Darci Lermen criou politicamente Aurélio Goiano. Ao mesmo tempo que vendeu sonhos e promessas para derrotar internamente os que ousam derrubar sua estratégia de se perpetuar no comando do Executivo parauapebense. Aliado a isso, no contexto autofágico de seu grupo, outros que tiveram na campanha tentaram de todas a forma eliminar o grupo político de Rafael Ribeiro, com ações de sabotagem e outros fatos que irão ser tratados mais à frente.
Darci Lermen precisa definitivamente entender que o seu ciclo encerrou, caso contrário o melhor é procurar terapia para lhe ajudar a se desprender do poder. Não ouso dizer que é o seu fim político, mas para o bem de Parauapebas é melhor que o mesmo fique longe do Executivo parauapebense. Melhor aproveitar que o preço do açaí está muito rentável.
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