O dilema de Bolsonaro

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Estamos a oito meses do processo eleitoral que decidirá se o presidente Jair Bolsonaro (PL) continuará em seu cargo, ou deixará a cadeira que hoje ocupa. Segundo todas as pesquisas feitas até aqui, o atual mandatário nacional deverá encerrar a sua estada no Palácio do Planalto no último dia do ano corrente.

Nesses 37 meses incompletos de governo, Bolsonaro já promoveu dezenas de crises. Atacou o Congresso Nacional (antes de entregar a gestão do país aos deputados e senadores) e de forma mais recorrente o Supremo Tribunal Federal (STF), seu alvo preferencial em sua estada presidencial.

No Sete de Setembro de 2021, a tensão chegou ao seu nível mais elevado. Havia o receio de uma ruptura institucional promovida pelo presidente Jair Bolsonaro. Na prática, não ocorreu. Os militares não embarcaram na aventura bolsonarista, o alto comando das Forças Armadas entendeu que a instituição é de Estado e não de governo.

O fato provocou um amplo recuo do presidente, lhe rendendo à época muitas críticas de sua base mais ortodoxa. O que se acompanhava era a mesma ladainha de sempre: críticas a um ministro da Suprema Corte, urna eletrônica, Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Partido dos Trabalhadores (PT), Comunismo, narrativas antivacina… E por ai vai.

Na semana passada, em sua live semanal, o presidente voltou a atacar o TSE e o sistema de segurança das urnas eletrônicas. Afirmou – novamente, como sempre sem provas – que o Exército encontrou inconsistência no sistema de segurança eletrônica das urnas. O que foi rebatido em seguida pelo ministro Luís Roberto Barroso, que presidente o tribunal.

O Dilema de Bolsonaro

A situação política de Jair Bolsonaro (PL) é delicada. O presidente passa por um momento decisivo. Se quer aumentar a sua margem de apoio sabe que precisa amenizar o discurso do confronto, defender bandeiras que sempre atacou. É reconhecido publicamente por um dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL), que ser contra vacinas, fez desabar a popularidade de seu pai. Narrativas preconceituosas também contribuíram para essa queda.

Auxiliares mais próximos de Bolsonaro tentam convencê-lo de mudar o discurso, ser menos polêmico e defender publicamente a vacinação, por exemplo, de crianças, algo que ele é radicalmente contra. Todavia, fontes palacianas informam que o presidente continua resistente. A resistência tem método. O mandatário nacional sabe que a sua mudança de postura poderá ser um “tiro no pé”. Ela não garante que ele suba nas pesquisas ou que essa elevação de sua popularidade seja pequena, menor, talvez, do nível de perda de sua base, ao perceber que Bolsonaro abandonou ou, pelo menos, não defende como antes algumas bandeiras.

O dilema de Jair Bolsonaro está posto. O que fazer?

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