Recentemente o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teve uma baixa em seu primeiro escalão. O então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não aguentou a pressão de diversos setores e do próprio governo, e foi exonerado do comando do Itamaray. No caso dele o estopim foi a falta de habilidade política para acelerar o processo de compra de vacinas.
Pois bem, o próximo que deverá deixar a cadeira de ministro será Ricardo Salles, que responde pela pasta do Meio Ambiente. A política ambiental liderada pelo citado, vem sendo criticada desde o começo de sua gestão. A atuação do ministro no comando da pasta tem manchado a imagem do Brasil no exterior, e provocado a ira de outros países.
A visão interna e externa é que o Brasil não desenvolve ações em defesa de sua biodiversidade, o que vem provocando recordes de desmatamento e queimadas não só na Amazônia, mas em outros biomas brasileiros. A gestão está marcada pela frase de Salles na polêmica reunião de abril de 2020: “temos que aproveitar e deixar a boiada passar”, quando fez referência a possibilidade de burlar as leis ambientais, pois a mídia estava voltada para a cobertura da pandemia. Claramente, sem rodeios, Salles trabalha pela flexibilização das leis ambientais (arranjo jurídico sobre o tema é reconhecido mundialmente e colocava o Brasil na vanguarda da questão ambiental).
A situação do ministro em questão é complicada. Neste momento, Congresso Nacional, Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF) estão o investigando. Para completar, Salles agora está sendo acusado de ter tentado atrapalhar uma operação da Polícia Federal (PF) que apreendeu uma imensa quantidade de madeira ilegal no Amazonas.
A operação ocorreu em dezembro e por conta de sua interferência, o agora ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o delegado Alexandre Saraiva, apresentou uma notícia-crime no Supremo contra o ministro. O episódio causou a queda de Saraiva da superintendência da corporação no Amazonas.
O PDT também entrou com uma notícia-crime na mais alta Corte do país contra Salles pelo mesmo motivo. Segundo o que foi noticiado pela mídia, por causa da apresentação da notícia-crime contra Salles, Lucas Furtado, procurador do Ministério Público junto ao TCU, pediu na última quinta-feira (15) o imediato afastamento do ministro do comando da pasta do Meio Ambiente, para que ele não atrapalhe as investigações.
Ainda tem mais… Segundo informações colhidas pelo Blog junto aos grandes portais de notícias que cobrem diariamente Brasília, está claro que o “Centrão” (que forçou recentemente a saída de Araújo) já pediu a saída de Salles da pasta. Dentro deste amplo grupo, quem ainda mantém apoio ao ministro – por motivos óbvios – é a bancada ruralista, grupo que Salles atende os interesses.
No exterior, o presidente americano Joe Biden (Democrata), sofre pressão de diversos senadores de seu partido para não assinar acordo com o governo brasileiro, além de cobrar duramente ações de combate à queimadas e desmatamento. Diversos países pelo mundo seguem a mesma linha, inclusive boicotando a compra de produtos brasileiros, como o caso da França.
A gestão de Salles vem promovendo grandes perdas ao país, impactando na balança comercial, o que afeta diretamente, por exemplo, o agronegócio brasileiro. Vale o registro que o ministro em questão compõe a chamada “ala ideológica”, aquela que segue à risca os preceitos bolsonaristas, e, pelo que parece, esse tal grupo é o que vem e ainda deverá sofrer baixas. O mundo real se impõe a ideologia bolsonarista. Salles deverá ser mais um exemplo da imposição da realidade frente a distopia do presidente Bolsonaro e seus seguidores. A ver.