O general da reserva Hamilton Mourão foi acordado cedo pela esposa em um domingo, 05 de agosto, pois havia uma ligação que o militar precisava atender. Do outro lado da linha estava Jair Bolsonaro, o convidando para ser vice na chapa que iria concorrer à Presidência da República nas eleições de 2018. O general foi a 4ª opção de Bolsonaro, depois de todas as anteriores declinarem do convite. Horas depois do aceite, o PRTB, partido de Mourão, formalizou a aliança.
Ficou claro que Hamilton foi a opção “em cima da hora”, pois havia a necessidade de registro da chapa junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que poderia influenciar na relação de ambos. Desde o início do governo, Mourão sempre se manteve fiel ao presidente, evitando divergir publicamente, mesmo quando, claramente, não concordava. Se esforçava para defender alguns absurdos ditos pelo mandatário nacional. Mesmo sob ataque dos filhos de Bolsonaro, evitou embates diretos. Toda essa postura de subserviência tinha como objetivo garantir a sua permanência como vice na chapa que disputará a reeleição.
Ontem, 26, diversos veículos de comunicação trataram da disputa presidencial, com ênfase na entrevista que Mourão concedeu ao Valor Econômico. O ponto central do processo dialético foi a confirmação por parte de Mourão que tem certeza que não estará ao lado de Bolsonaro na disputa pela reeleição, pois, segundo ele, o presidente deixa claro – por sinais – que a parceria não será renovada.
Apesar da notícia ter gerado grande repercussão na política nacional, sabe-se por todos os quadrantes de Brasília, que Mourão não estará na condição de vice de Bolsonaro na chapa que disputará a reeleição. O atual vice-presidente já vive processo de isolamento político dentro do governo. Há reuniões ministeriais que ele não é convidado pelo presidente a participar.
Muitos afirmavam que a estada de Mourão no governo, sendo o vice-presidente, teria a função de frear os ímpetos do presidente Bolsonaro, o que, de fato, nunca aconteceu. De partido, Jair o isolou, tirando-o de qualquer influência no governo.
Ciente de seu futuro longe do Palácio do Jaburu, Mourão analisa qual caminho seguir: se ao lado da família, se dedicando à produção acadêmica ou se lançar candidato ao Senado Federal pelo Rio Grande do Sul.
De toda forma, o atual vice-presidente já se prepara para encerrar o seu ciclo na linha sucessória presidencial. Não serve mais ao Bolsonarismo.