As oscilações no cenário econômico da China, um dos principais parceiros comerciais do Estado, foram fatores relevantes que provocaram impactos no resultado das exportações paraenses em 2022. De acordo com dados do Ministério da Economia, analisados pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Pará (CIN/FIEPA), o Estado encerrou 2022 na quarta posição no ranking por saldo, entre os maiores exportadores do país. Mesmo com um total de US$ 21.471.250.291 bilhões em exportações no período e quase 180 milhões de toneladas de produtos comercializados no mercado internacional, o Pará fechou o ano com uma variação negativa de -27,28%.
Com um saldo de US$ 18.731.939.049 bilhões, o Pará ficou atrás de estados como Mato Grosso, Minas Gerais e Rio de Janeiro. De acordo com a coordenadora do CIN/FIEPA, Cassandra Lobato, apesar de perder três posições em comparação com o ano passado, o Estado se mantém entre os maiores exportadores do Brasil. “É sempre importante frisar que, apesar de toda a instabilidade pela qual o mundo está passando, ainda com a presença da Covid e com guerra na Rússia, apenas para citar algumas das situações que trazem incertezas no mercado global, podemos dizer que o Pará conseguiu um resultado positivo, mantendo-se firme em seus contratos comerciais, fortalecendo parcerias estratégicas e garantindo uma posição de destaque entre os maiores exportadores do país”, pondera a coordenadora do CIN/FIEPA, Cassandra Lobato.
Diversificação
Em 2022, o Pará conseguiu aumentar em 11,92% a inserção de novos produtos na balança comercial, o que representa um total de 1.287 produtos que até pouco tempo não faziam parte da pauta de exportação do Estado. Produtos não tradicionais, que estão há menos de 10 anos no rol das exportações paraenses, reforçam essa diversificação. É o caso da soja, que exportou US$ 1.382.444.582 bilhão; e do milho em grãos, que teve um crescimento de mais de 300% e US$ 333.486.209 exportados no ano passado. Também tiveram resultados positivos a carne de bovinos, produto industrializado que teve um crescimento de 45,30% em 2022; e o cacau e seus derivados, com exportação de US$ 1.663.425 milhão e variação positiva de 40,56%. “Isso demonstra todo o esforço das nossas indústrias e do agronegócio em prol dessa diversificação que nos permite ampliar o mix de produtos a serem oferecidos ao mercado internacional, o que torna nossa pauta menos dependente de um único produto”, analisa Lobato.
Entre os produtos tradicionais, a madeira foi o que teve mais destaque. Em 2022 exportou US$ 351.190.197 milhões, registrando um crescimento de 76,18%, tendo como principal destino os Estados Unidos. De acordo com o diretor técnico da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex), Deryck Martins, um dos motivos para o aumento do consumo de madeira tem reflexo no cenário de pandemia que levou as pessoas a ficarem mais tempo em casa realizando reformas e outros investimentos em decoração. “Até 2017 as exportações de madeira estavam em queda devido às mudanças do próprio mercado e, a partir de 2020 apresentou um aumento gerado por este novo momento que vivemos. Além disso, a madeira brasileira é de altíssima qualidade, com uma diversidade de espécies que se adequam bem em diversas condições climáticas o que traz um grande diferencial competitivo diante de outros concorrentes”, explica Martins.
Segundo ele, 2023 será um ano de muitos desafios para o setor madeireiro. “A recente inclusão do cumaru e do ipê, duas espécies importantes para a produção de madeira, no anexo da Cites – Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção, vai impactar na exportação de madeira este ano, uma vez que exigirá mais uma licença dentro de um processo já extremamente burocrático, elevando ainda mais os custos de transação”, avalia o diretor da Aimex.
Respondendo por 84% da balança comercial do Estado, a mineração exportou US$ 18.107.755.360 bilhões e 159.230.731 toneladas (t) em 2022. Desse total, o minério de ferro bruto respondeu por US$ 12.797.591.384 bilhões, registrando uma queda de -41,20% em comparação com o ano anterior. De acordo com Lobato, principal comprador de minério de ferro paraense, a China vem passando por problemas no setor de construção civil e reflexos da pandemia de Covid 19. “O que acontece é que houve uma queda na venda de imóveis na China, o que levou o país a diminuir os investimentos em obras na área de construção civil e, consequentemente, reduzir a compra do minério de ferro, importante insumo utilizado pelo setor. Como o minério de ferro é um dos principais produtos que compõem a nossa balança comercial, essa redução impactou diretamente nos nossos resultados”, explica Lobato afirmando 65,52% de tudo o que é exportado pelo Pará tem como destino a China.
Segundo a coordenadora, outra questão crítica enfrentada no decorrer de 2022 foi a persistência e o avanço das Covid 19 no território chinês, o que provocou embargos, entre outras limitações, e dificultou a remessa de produtos para aquela região. “Como temos acompanhado desde o início da pandemia, situações como esta geram muitas incertezas quando se trata de comércio exterior e os reflexos são sentidos no mundo todo, tornando o relacionamento comercial bem mais desafiador. Prova disso é essa perda de ranking do Pará na balança nacional”, analisa Cassandra Lobato.
Entre os blocos econômicos, os principais destinos das exportações paraenses são a Ásia (US$ 14.068.523.686), União Europeia (US$ 3.399.604.724) e América do Norte (US$ 1.717.818.196). No cenário nacional, entre as cidades que mais exportam no Brasil, Parauapebas aparece em terceiro lugar, com um total exportado de US$ 7.021.966.855 bilhões; e Canaã dos Carajás figura em quinta posição no ranking, com um total de US$ 5.782.584.241 bilhões.
“De forma geral, nossas expectativas para 2023 são positivas pois já começamos a ver uma movimentação do mercado chinês, no sentido de retomada das atividades de comércio exterior. Da nossa parte, numa análise do cenário nacional, esperamos encontrar um ambiente mais propício a negócios internacionais, com ações direcionadas à atração de investimentos para o nosso Estado e ampliação da cadeia de produtos com um maior valor agregado”, afirma a coordenadora.
Com informações – Ascom Fiepa.
Imagem: Agência Pará.